É sempre difícil fazer adivinhação e a situação que estamos a viver veio prová-lo com estrondo. No entanto, conversas que tivemos com alguns gestores de frota e que pode ler no nosso site dizem que a realidade vai ser uma mistura entre o que pensamos que vai ser e aquilo que já está a ser. Nada de alarmismos, portanto, quando dizemos que a mobilidade suave vai substituir as viaturas nas empresas, que é desta que a eletrificação vem tomar o lugar dos ICE ou outros pensamentos semelhantes.
https://fleetmagazine.pt/2020/03/30/por-que-e-que-a-mobilidade-alem-do-automovel-nao-avanca-nas-empresas/
Os gestores de frota auscultados aproveitaram para rever as condições das viaturas em parque, repensar o seu modelo de gestão e continuar as compras que tinham em curso. Contudo, a realidade chocou de frente e veio dificultar este trabalho. Não só a falta de procura não teve efeito numa descida de preços, como os responsáveis pelas compras viram as suas opções limitadas pela incapacidade das marcas em fazerem entregas de viaturas. Por questões sanitárias, de controlo de fronteiras e de ajustes de produção, as fábricas de automóveis tiveram que fechar a torneira, deixando assim os importadores sem margem para garantir prazos de entrega. Noutras alturas, poderiam ter recorrido a stock, mas neste momento em que toda a gente tem as vendas paradas, quem realmente quererá ter um parque de viaturas embaladas para vendas futuras?
As gestoras de frota sofrem obviamente por tabela. Com os usados que já estavam no país à espera de compradores a inundar o stock nacional, o interesse em ter mais carros destes para fazer negócio deverá ser pouco. Assim, espera-se que venham a ocorrer mais extensões de contratos nos clientes que o possam fazer, até porque pode nem haver modelos nos intervalos de preço que estes pretendam para fazer novos contratos. Por outro lado, o renting de usados já está a ter um novo fôlego, aproveitando também as entregas prematuras de empresas que não conseguiram suportar a paragem da economia.
https://fleetmagazine.pt/2020/07/21/viatura-propria-observador-cetelem/
Vivemos então um ajustamento de uma situação extemporânea que deverá regressar à normalidade assim que possível. Os lançamentos previstos para este ano vão ser quase todos cumpridos; já há atividade comercial e vendas; aos poucos, as entregas começam a acontecer. Os operadores de mercado são os mais críticos sobre a sua atividade. Mas quantos sectores conseguiram adaptar-se tão depressa a esta nova circunstância?