O avanço da transição para a mobilidade elétrica do parque automóvel empresarial nacional prossegue inexorável. São os números que o confirmam e que estão disponíveis no mais recente estudo anual Mobilidade 2024, apresentado pela Ayvens no mês de março.

Mais de um terço dos contratos celebrados pelo grupo Ayvens a nível europeu foram veículos eletrificados, elevando para cerca de 20% a quota destes veículos no portfólio de contratos ativos. A nível nacional, o número de veículos 100% elétricos entregues pela Ayvens em 2023 foi quatro vezes superior ao ano 2022, um crescimento duas vezes superior ao do mercado nacional como um todo. A diferença de ritmos de crescimento é bem demonstrativa de como o produto renting e o segmento das empresas representam duas alavancas essenciais na aceleração da adoção da mobilidade elétrica.

Outro acelerador é o dos custos totais de utilização dos veículos eletrificados, os quais apresentam uma competitividade crescente ao longo dos últimos anos, em resultado, da cada vez maior concorrência nos preços praticados pelos respetivos fabricantes, aliados aos incentivos fiscais em vigor para o segmento empresarial.

O resultado desta dinâmica está claramente materializado na matriz de perfis de utilização apresentada no estudo Mobilidade 2024, a qual combina diversos níveis de quilometragem anual com os segmentos de veículos mais representativos do parque automóvel, e que volta a apresentar uma predominância dos veículos eletrificados os quais são mais económicos em 95% dos perfis de veículos de passageiros (observar Quadro 1).

Quadro 1: motorizações mais competitivas por perfil de quilometragem e segmento de veículo

O que pensam e fazem as empresas

Conforme atestam os números, a decisão das empresas já não é se irão transitar para a mobilidade elétrica, mas sim quando e como se propõem operar essa mudança.

A auscultação às empresas sobre a forma como estão a realizar e a experienciar a transição é mais um dos contributos do estudo Mobilidade 2024. A amostra inclui mais de 200 empresas de diferentes setores de atividade e agrega a avaliação dos respetivos gestores de frota à fase da transição em que as empresas se encontram, ao perfil de utilização dos seus colaboradores e sua adequação aos veículos elétricos e, finalmente, a experiência relativa a infraestruturas de carregamento alternativas à rede pública.

Relativamente à fase da transição em que se encontram, mais de 80% das empresas já colocaram o tema na agenda e 60% já têm veículos eletrificados nas suas frotas. As razões de natureza económica, sustentabilidade e ambientais respondem pela maioria das motivações para esta transição. Por outro lado, apurámos que no processo de análise das empresas, 80% manifestou disponibilidade para considerar novas marcas automóveis, como alternativas viáveis às marcas tradicionalmente comercializadas em Portugal.

“Este início de 2024 tem sido particularmente lento”. Entrevista a António Oliveira Martins, diretor geral da Ayvens em Portugal

Como avaliar candidatos à mobilidade elétrica?

Na análise aos perfis de utilização, do conjunto de respostas recolhidas, a percentagem de pessoas para as quais a mobilidade elétrica poderá causar alguns constrangimentos é inferior a 10%, entenda-se, casos em que seja necessário percorrer mais de 250 km/dia, mais de 10 vezes por mês. Ora, se aliarmos esta compatibilidade da mobilidade elétrica com a maioria dos perfis de utilização, ao menor custo de utilização, às vantagens ambientais e ao prazer e segurança da condução de um veículo elétrico, sobram poucas objeções que impeçam a mudança.

Importa, no entanto, salientar que, para potenciar o sucesso de um plano de mudança para a mobilidade elétrica numa empresa, é essencial proceder à caracterização dos destinatários do programa e que é específica de cada organização. Essa caracterização deverá atender, entre outros, à identificação dos diversos perfis de utilização (número de viagens por tipologia de percurso, repartição entre deslocações profissionais e pessoais, distância percorrida por percurso, entre outros) e ao nível de acesso às diversas possibilidades de carregamento (disponibilidade de postos de carregamento públicos, características das instalações da empresa e da habitação dos colaboradores, etc.).

Empresas precisam de apostar mais em soluções de carregamento

Finalmente, nas questões relativas aos carregamentos, os resultados foram menos positivos. Designadamente quanto à quantidade insuficiente e qualidade geral da rede pública, o que só vem reforçar a oportunidade que existe de investimento em soluções privadas e domésticas de carregamento, até porque este é um dos fatores de maior relevância para a redução do custo total de utilização de um veículo elétrico.

Apesar desta grande oportunidade, concluímos que a experiência das empresas a este nível ainda é reduzida, quer na disponibilização de pontos de carregamento nas suas próprias instalações para uso dos colaboradores, quer na instalação de pontos de carregamento nos respetivos domicílios.

O investimento em soluções de carregamento privado é seguramente uma área onde deverá ser realizado um maior esforço de divulgação e robustecimento de processos para que se possa tirar o maior partido da poupança potencial decorrente da mudança de um veículo a combustão para um veículo elétrico.

Perspetivas para o próximo biénio

A legislação europeia, que preconiza a impossibilidade de venda de veículos novos a combustão na União Europeia a partir de 2035, mantém-se apesar de algumas resistências que se vão sentindo neste caminho de grande disrupção. Nessa medida, os construtores automóveis continuarão a sua adaptação progressiva da sua gama de modelos, sendo que, para 2025, se projeta um incremento significativo da oferta de veículos elétricos, em consequência da obrigatoriedade de os fabricantes reduzirem ainda mais as emissões de CO2 correspondentes aos veículos por si vendidos.

Por outro lado, o progresso tecnológico prossegue e a concorrência aumentará, resultando este movimento combinado em veículos com maior autonomia a preços mais apelativos.

A infraestrutura de carregamento pública irá, expectavelmente, acelerar em consequência da legislação recentemente publicada e que impele os estados a investir nas suas redes nos próximos anos.

Finalmente, o renting, agora e como sempre, será parte da solução facilitadora do acesso à oportunidade de transição para a mobilidade elétrica, com menor risco operacional e tecnológico, sem investimento inicial e com o aconselhamento de consultores experientes e focados na melhor solução integrada: seleção do veículo mais adequado, soluções de carregamento e cartão de carregamento de energia elétrica.

Para que cada empresa viva a sua jornada com segurança de efetivamente reduzir custos, manter a operacionalidade e reduzir o impacto junto dos seus colaboradores.