Para muitas pessoas e empresas, o mais importante não é ter a propriedade de um equipamento, mas poder usá-lo. Não só a propriedade, mas também o aluguer, dá-nos a possibilidade de empregar um ativo na nossa atividade. Quer o compremos, quer o aluguemos, temos, de alguma maneira, de o pagar, pelo que quer a compra, quer o aluguer, podem ser considerados um investimento; uma saída de dinheiro que, espera-se, permita obter entradas em valor superior.

Assim, juntamente com a decisão de investir numa frota operacional vem a necessidade de decidir se será melhor comprar ou fazer um leasing. Decisão que, por envolver muitas variáveis, nem sempre é fácil. Mas, uma vez que se tenha decidido que uma certa viatura é necessária à nossa atividade, o princípio básico que deve presidir à nossa escolha, entre compra e leasing, é de minimizar as saídas de dinheiro que iremos ter. E que saídas podem ser?

Se comprarmos, temos de pagar logo o preço acrescido de todos os impostos e taxas originadas pela transação. Se financiarmos a compra com um empréstimo, a saída é compensada com uma entrada, mas, em troca, teremos de pagar uma mensalidade constante ao banco, mensalidade que ordinariamente contém uma parcela que é amortização do empréstimo e outra que é pagamento de juros sobre o montante ainda não amortizado. Se fizermos um leasing, a prestação mensal também tem dois componentes: um que corresponde à amortização do ‘empréstimo’, outra ao ‘juro’ do capital que a empresa de leasing empatou na viatura que nos empresta.

O juro que é pago depende da taxa de juro efetiva que é cobrada no empréstimo bancário com que financiamos a compra, ou da taxa de juro implícita no contrato de aluguer de longa duração, que a empresa de leasing nos pode dizer qual é, ou que nós podemos calcular sabendo quais são os pagamentos que teremos de fazer ao longo da vida do contrato.

https://fleetmagazine.pt/2020/02/21/leasing-ou-renting/

Outra saída vão ser as despesas com manutenção, seguros e impostos. Estas despesas sairão do nosso bolso caso compremos a viatura. Caso optemos pelo leasing pode dar-se o caso de ficarem a cargo da empresa de leasing, ou de ficarem por nossa conta. Se ficarem a cargo da empresa de leasing, estarão incluídas na renda mensal que pagamos, traduzindo-se numa majoração da taxa implícita.

Quando se financia a compra com capital próprio, as despesas acrescidas que vamos ter com manutenção e seguros, bem como a depreciação do ativo, vão diminuir os resultados tributáveis, o que corresponde a uma ‘entrada’ de dinheiro, pois evita uma saída de dinheiro para pagamento de impostos. Quando se financia a aquisição com dívida, à manutenção, seguros e depreciação vão adicionar-se os juros pagos, que vão aumentar o escudo fiscal no período. Caso se opte pelo leasing, em princípio, o valor total da prestação mensal pode ser levado a despesa. A taxa marginal de IRC que a empresa paga vai determinar a importância destas poupanças fiscais: para uma empresa que, por outros motivos, já não pague IRC, estas poupanças não existem.

Finalmente, há que ter em conta que o valor residual da viatura após a sua vida útil nos pertence caso a compremos, seja através de capital próprio ou de dívida. Caso façamos um leasing, no término do contrato o valor residual pertence à empresa de leasing ou, caso exerçamos um possível direito de compra, a nós, embora isso vá implicar outra saída de dinheiro.

Para determinar se o leasing será a melhor solução, vamos ter de fazer as contas, tendo o cuidado de não esquecer nenhuma parcela, para ver que opção apresenta saídas globalmente mais baixas. Certo, certo é que o leasing será tanto mais atrativo relativamente ao financiamento por empréstimo, quanto menos alta for a taxa implícita no leasing relativamente à taxa de juro num empréstimo bancário e quanto mais alta for a taxa de IRC da empresa. Mas sem fazer as contas, comparando todas as saídas e entradas de dinheiro que cada opção implica, nunca teremos a certeza, a priori, de qual será a solução de financiamento mais favorável.