Comprar pneus usados sai mais caro do que se optar por uns novos, conclui a Deco após um estudo que efetuou a 89 pneus usados adquiridos e testados, dos quais 50 apresentavam falhas que punham em causa a segurança dos ocupantes da viatura.

Esta conclusão é, de resto, uma das queixas mais recorrentes dos operadores de pneus novos em Portugal que, tal como a Deco agora o faz, há muito alertam para a falta de regulação deste sector no nosso País.

Após os testes, a associação de defesa do consumidor reconheceu que “a compra de pneus usados é um risco” e que “contas feitas, os pneus usados não compensam”.

“Por serem vendidos com menos profundidade de piso, cada milímetro útil tem um custo duas vezes superior ao de pneus novos. Para um pneu usado compensar financeiramente terá de ter 4,5 mm de profundidade de piso ou mais. Já um pneu novo tem cerca de 8 milímetros”, explica Alexandre Marvão, responsável pelo estudo da Deco.

Face a estes resultados, a Deco vai exigir a criação de uma regulamentação para a área, “à semelhança do que já existe, por exemplo, no Reino Unido” e já denunciou os resultados do estudo à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), solicitando a devida fiscalização da actividade.

“Devem ser criados padrões mínimos de segurança para os comerciantes de pneus usados cumprirem em todos os produtos que vendam. A avaliação deve basear-se em testes não destrutivos, como insuflagem à pressão máxima e verificação do estado geral do pneu, ou através de outra tecnologia mais moderna e fiável que permita detetar deformações, descontinuidades ou separação das camadas. Também não deve ser permitida a venda de produtos com mais de 10 anos”.

Esta situação é tão mais preocupante quando, nos últimos anos, muitos condutores recorreram a pneus usados devido à situação económica. Em 2013, Climénia Silva, directora da Valorpneu, denunciava que “os portugueses estão a adiar ao máximo a troca dos pneus do carro” e “que a quantidade de pneus usados, encaminhados para aproveitamento, era cada vez mais reduzida”, o que poderia indiciar também que muitos voltavam a entrar no circuito de distribuição de usados.

Antes disso, em 2011, a ACAP alertou também para riscos de utilização de pneus usados. Segundo referia a Associação Automóvel de Portugal, “a compra de pneus usados é um  risco para a segurança, pela perda das qualidades originais e danos não visíveis do pneu, risco de ilegalidade, se o pneu não tiver a profundidade mínima de lei, risco de perda de dinheiro por gastos imprevistos e até risco de afectar o ambiente”.

Resultados após uma campanha de revisão de pneus, referem que um em cada três veículos circula com pneus com pressão incorrecta e 17% dos pneus tem danos visíveis. Outros estudos concluem ainda que, de todos os veículos implicados em acidentes com vítimas e que apresentavam
algum problema mecânico, 62% dos mesmos tinham defeitos nos seus pneus e que num em cada 100 acidentes mortais estão implicados directamente defeitos nos pneus dos veículos”, lembrava a ACAP.