A 20 de fevereiro de 2025 a Polestar abriu o seu segundo espaço em Portugal, desta vez na cidade de Lisboa. É o primeiro Space da marca, aberto em parceria com a Santogal Automóveis.

Localizado na Avenida António Augusto de Aguiar, junto à Praça de Espanha, o Polestar Space Lisboa tem cerca de 500 metros quadrados e, além da área de exposição, possui uma área dedicada à entrega de veículos novos e usados.

Atualmente com um mix de vendas para empresas de 70% (muito semelhante ao mercado automóvel português), a Polestar traça o seu caminho junto do mercado profissional com estabilidade e a um ritmo ponderado de crescimento, embora com ambição: em 2025 a marca quer apresentar um crescimento superior a 80% (em 2024 foram matriculados 313 unidades, o que significa que este ano a Polestar quer vender 563 automóveis).

A FLEET MAGAZINE marcou presença na inauguração deste espaço e quis saber, junto de Miguel Pinto, diretor da Polestar Portugal, de que forma é que a marca se posiciona atualmente no mercado e qual a importância que tem a abertura de um concessionário junto das empresas que compram e gerem viaturas na região de Lisboa.

O responsável diz que este Space é “fundamental” e começa por destacar a relevância de um espaço físico em Lisboa. “É importantíssimo para qualquer marca estar presente na capital do país, onde cerca de 40% das vendas nacionais ocorrem”.

Fundamental porque as maiores empresas estão situadas, de uma forma geral, em Lisboa ou à volta de Lisboa, diz Miguel Pinto. “E é por isso que, tendo os veículos elétricos um peso substancial na transição para uma mobilidade sustentável nas empresas, e estando as multinacionais cada vez mais voltadas para essa transição sustentável, é seguro afirmar que Lisboa é um pólo geográfico onde a Polestar poderá alcançar sucesso”, acrescenta.

Do ponto de vista da visão e da estratégia, o que é que levou a Polestar a abrir um espaço físico em Lisboa em parceria com a Santogal?

É um orgulho para nós podermos contar com um parceiro de referência como é o grupo Santogal. Importa não esquecer que em cada quatro automóveis vendidos em Lisboa, um é vendido pela Santogal.

Dada a relevância que o grupo tem, era para nós muito importante estar presente na capital e abrir um espaço em parceria com um grupo de renome.

E do lado da Santogal, Luis Pessanha, diretor Executivo do Grupo Santogal, afirma que juntar a Polestar à gama de soluções Santogal “faz todo o sentido” e acrescenta que estão reunidas todas as condições para que esta parceria seja um sucesso.

Como é que a Polestar se diferencia dos outros players do mercado e como é que planeia conquistar o cliente frotista português?

Temos um produto diferenciado assente em três pilares: design, performance e qualidade de construção.

Mas para além disso, acredito que a marca representa, para qualquer cidadão do mundo, uma forma de estar diferente na vida.

Para nós é fundamental cuidar do planeta que temos, por isso não só é importante transitarmos para uma mobilidade sustentável e um futuro descarbonizado, mas também empenharmo-nos em garantir que a matéria-prima utilizada nos nossos carros é toda ela monitorizada – utilizamos tecnologias avançadas para monitorizarmos e garantirmos o rastreamento dos produtos que compõem os nossos modelos. É por isso que podemos afirmar que o nosso produto final tem uma pegada ecológica muito pequena.

Tudo isto leva-nos a acreditar que temos um produto diferenciado e de elevada qualidade.

E como é que vão alavancar estas características de sustentabilidade e inovação para cativar as empresas e os gestores de frota?

É importante, acima de tudo, fazer um ‘walk the talk’, principalmente quando as empresas pretendem mudar e transitar para uma mobilidade sustentável. Mas para além da sustentabilidade, essa mobilidade não se resume apenas ao dia de hoje, abrange todo um leque de fatores que são importantes… e a Polestar faz esse ‘walk the talk’.

Como é que a Polestar está a abordar a questão do custo de utilização dos seus modelos, incluindo manutenção, autonomia, recondicionamento das baterias, residuais… no fundo, tudo o que influencia a escolha do comprador profissional?

Por um lado, queremos garantir que os nossos produtos têm qualidade e, ao mesmo tempo, são obtidos de forma sustentável. Isso acarreta custos, e temos de fazer refletir esses custos também nos nossos clientes.

Ainda assim, acho que as empresas cada vez mais entendem que, para terem um produto de qualidade e que seja simultaneamente sustentável, isso traz um custo. Um custo que tem algum impacto mas, ao mesmo tempo, se dilui naquilo que é a vida útil do automóvel na empresa que o adquiriu.

Por outro lado, tentamos garantir que os nossos produtos mantêm o posicionamento premium e que resistimos à tentação de nos deixarmos afetar pelo mercado e entrarmos em ‘correrias de descontos’.

Estão preocupados com os residuais…

Estamos preocupados com os residuais e por isso não fazemos descontos. Ou fazemos em situações específicas, quando achamos que é razoável fazer, pois é natural que existam negociações. Por exemplo, uma empresa que nos compra 20 automóveis tem condições negociais diferentes daquela que nos compra dois carros.

Há efetivamente uma preocupação muito grande em preservar a marca. Estamos posicionados para garantir um bom valor residual no final do contrato e garantirmos que os parceiros que nos compram automóveis e confiam em nós têm razões para continuar a confiar.

E quanto ao suporte e ao após-venda? De que forma é que a Polestar garante estes serviços?

Desde que iniciámos a nossa atividade em Portugal que garantimos que todos os 28 pontos nacionais da rede Volvo estão connosco.

Esses pontos tratam de toda a assistência após-venda, técnica, garantias, reparação, chapa e pintura, etc..

Estamos seguros com esse serviço, que nos é prestado através da rede Volvo.

E mesmo agora que o nosso parque se aproxima das mil unidades, continuamos a ter mais do que capacidade para dar resposta.

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Falávamos há pouco da questão dos descontos, mas não resisto em perguntar: sei que há uma versão fiscal do Polestar 3 a chegar em abril de 2025. Têm planeado algum outro tipo de estratégia para seduzir as empresas?

Não. Acreditamos que com essa versão Long Range Single Motor, que está dentro do limite fiscal, conseguimos entregar um produto com uma qualidade incrível e, por isso, confiamos que isso é suficiente.

E quanto a próximos lançamentos?

Em outubro de 2025 vamos começar a comercializar o Polestar 5, um produto de nicho que será o nosso topo de gama, com um preço que se situará entre os 120 e os 160 mil euros, consoante o nível de equipamento.

Sabemos que planeiam uma abertura de um espaço na região sul…

Sim, está prevista a abertura de um concessionário no Algarve.

Em parceria com?

Não posso ainda adiantar qual será o retalhista, embora continuemos a dar preferência, como é natural, à rede Volvo.

Numa perspetiva mais pessoal, como é que o Miguel vê a transformação do sector automóvel, especialmente com a crescente pressão para a redução das emissões poluentes por parte das empresas?

Como responsável da marca em Portugal, vejo com bons olhos. A transição para uma mobilidade sustentável é uma inevitabilidade. Temos de o encarar e, para nós, nesta fase, é mais uma questão de qual o ritmo a que essa transição vai acontecer, não tanto se efetivamente vai acontecer.

Estamos no mercado e a criar uma marca de forma sustentável. Não desesperamos com a volatilidade existente a nível político e, muitas vezes, na respetiva reação vinda de fabricantes tradicionais a essa mesma volatilidade, o que nos coloca muitas vezes em situações difíceis e complicadas, nomeadamente na questão dos descontos e na competitividade e capacidade para irmos aumentando os nossos volumes; somos uma empresa e precisamos de valores de tesouraria para continuarmos a desenvolver os nossos produtos.

Do ponto onde estou, acho que estamos no caminho certo. Começamos a sentir isso através do volume de vendas, da procura de clientes e de parcerias que estabelecemos no retalho automóvel – conseguimos um acordo com um grupo de referência em Lisboa, e isso significa que estamos no caminho certo.

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