Empresa com sede no Reino Unido chega a Portugal com solução com que diz ser possível  cobrar uma portagem sem recurso a um dispositivo físico eletrónico de cobrança de portagens

Veículos, dispositivos e máquinas a interagirem e a negociarem autonomamente entre si numa  plataforma digital segura. Esta é a premissa da Pairpoint, empresa sediada no Reino Unido, com escritórios em Lisboa, responsável pela criação de um ecossistema de Economy of Things (EoT) capaz de mudar a forma como pensamos e agimos no paradigma da nova mobilidade.

Um facto que desperta à atenção reside na possibilidade de pagamentos in-car, permitindo aos condutores realizar transações automaticamente através do software do veículo.

Entre os serviços possíveis que dispensam a necessidade de cartões físicos ou de dispositivos alheios à viatura, está o abastecimento de combustível, o carregamento de veículos elétricos e o estacionamento.

De acordo com a resposta a uma pergunta concreta colocada pela FLEET MAGAZINE à Pairpoint, com esta solução também “deixa de haver necessidade de ter um hardware extra para identificar o veículo na passagem pelos pórticos físicos ou eletrónicos”.

“A solução de identidade da Pairpoint é baseada em standards abertos e partilhável entre os vários atores relevantes: concessionárias, Governo e donos dos carros (que podem ser os gestores de frota)”, adianta a empresa, que explica como isso acontece:

“Como a tecnologia assina e encripta os dados do carro, quando o veículo passa numa portagem é gerada uma mensagem que inclui (pelo menos) a matrícula do carro, a posição de GPS e o timestamp. O acesso à informação é condicionado pelos direitos de cada entidade. Com esta informação, o concessionário decide o valor a aplicar ao veículo e o pagamento é feito automaticamente pela wallet do carro.”

Jorge Bento, CEO da Pairpoint, detalha de que forma a solução proposta pela empresa – e que pode ser integrada em qualquer sistema de gestão de frota – pode facilitar o trabalho do gestor: “garantimos aos operadores de frota um sistema unificado para gerir o abastecimento e a alocação de todos os veículos sob a sua responsabilidade, independentemente do tipo de combustível.

No futuro, o sistema irá expandir-se para incluir casos de uso adicionais, como portagens e estacionamento, eliminando barreiras de pagamento para os condutores e proporcionando aos operadores um sistema consolidado para gerir os seus veículos”.

Este responsável afirma também que “a solução pode processar dados de veículos ou viagens provenientes de soluções de telemática existentes no mercado para análise pelo utilizador.

Diversos fluxos de dados e conjuntos de dados estão disponíveis para exportação e podem ser usados para enriquecer a informação no software ERP”.

“Podemos trabalhar com veículos usados ou novos, utilizando diretamente o cartão SIM embutido ou adicionando um dispositivo seguro pós-venda, conectado através da porta OBD.

Estamos também a colaborar com vários fabricantes para integrar o sistema diretamente na interface de bordo do condutor”, explica o interlocutor.

Como a tecnologia assina e encripta os dados do carro, quando o veículo passa numa portagem é gerada uma mensagem que inclui (pelo menos) a matrícula do carro, a posição de GPS e o timestamp. O acesso à informação é condicionado pelos direitos de cada entidade. Com esta informação, o concessionário decide o valor a aplicar ao veículo e o pagamento é feito automaticamente pela wallet do carro

A FLEET MAGAZINE questionou a Brisa e a Ascendi sobre o assunto, mas não obteve resposta por parte da segunda concessionária de auto-estradas.

Já a Brisa esclarece:

“A Via Verde é uma empresa inovadora que investe há mais de 30 anos em soluções de mobilidade simples, segura e sustentável. Ao longo dos anos, a Via Verde tem explorado diversas soluções que facilitem a utilização dos seus serviços, garantindo ao mesmo tempo a segurança das transações dos seus clientes. A inovação tecnológica aplica-se naturalmente às formas de cobrança e a Via Verde tem explorado vários pilotos com a academia e com parceiros industriais, mas ainda sem o rigor e sem a segurança que as atuais soluções em produção nos oferecem, nomeadamente com os identificadores tradicionais DSRC.

Em Portugal, recorde-se, já funcionava em fase de projeto piloto, mas operacional para os utilizadores, o Satelise, uma aplicação móvel que permitia o pagamento das taxas de portagem em duas auto-estradas com controlo eletrónico das passagens (A22 e A28), fazendo uso do GPS do smartphone. Atualmente, esta aplicação encontra-se inativa, provavelmente devido à eliminação da cobrança das portagens nestas duas vias.

Também a Galp foi questionada sobre a possibilidade de esta solução ser aceite para pagamento de um abastecimento de combustível ou de outro serviço na rede:

“A Galp está permanentemente a avaliar sistemas e soluções que permitam melhorar o serviço que presta aos seus clientes, nomeadamente no que se refere aos meios de pagamento. Foi, aliás, pioneira na introdução de soluções biométricas, pagamentos através da Via Verde e pagamentos autónomos diretamente na bomba”.