Depois de na primeira parte deste conjunto de textos dedicados ao estudo do mais recente Observador Cetelem abordar o comportamento do mercado, este debruça-se sobre o grau de satisfação dos consumidores em relação à compra do seu automóvel.
Na globalidade dos mercados analisados (18), seis em cada dez entrevistados acreditam que pagaram um preço razoável pelo seu veículo, ou um pouco mais por parte dos consumidores europeus (12 países): sete em dez.
Curiosamente, portugueses e austríacos estão entre os que se mostram mais satisfeitos, com oito em cada dez entrevistados destes dois países.
Recorde-se que o texto anterior referia que o preço médio de um carro novo pago pelos inquiridos pelo Observador Cetelem (ver ficha técnica no final, nomeadamente período de realização do estudo) foi de 16.110 euros em Portugal, abaixo 20.084 euros dos consumidores alemães e da média europeia, cifrada em 16.712 euros.
Os europeus estão dispostos a possuir automóvel a qualquer custo?
Este indicador de satisfação fragmenta-se quando se segmenta a compra de viaturas novas e usadas.
Neste caso, os compradores de carros usados estão mais confortáveis com a compra (77%), contra apenas 57% dos compradores de carros novos.
Taxa de esforço para a compra de um carro está a atingir o limite
Variando de região para região e de acordo com a percepção individual do consumidor de cada país, é praticamente unânime que a compra de um automóvel exige sacrifícios.
O rácio entre o preço de um automóvel e o rendimento médio anual revela que um automóvel custa, para os condutores de alguns países, o equivalente ao seu salário anual.
Considerando a estagnação do rendimento das famílias e a rápida subida do preço dos carros (muito justificada pelo aumento da quantidade de tecnologia, algo ainda mais acentuado nos modelos eletrificados), estima-se que o preço dos automóveis tenha subido duas vezes mais rápido que o rendimento familiar médio europeu, ainda antes do choque de preços de 2020-2022, como é sabido desencadeado pela pandemia e seu impacto em termos de restrição de oferta.
Esta parte do estudo encerra com uma questão que será em parte tratada no texto seguinte:
“Quando o esforço exigido se torna muito grande, as pessoas desistem da ideia de comprar carro”. Mas será que desistem mesmo?
Comprar ou utilizar carro pode deixar de ser hipótese? Não parece…
FICHA TÉCNICA RESUMIDA: universo de 16.600 entrevistas realizadas entre 23 de junho e 8 de julho de 2022 em 18 países: Áustria, Bélgica, Brasil, China, França, Alemanha, Itália, Japão, México, Holanda, Noruega, Polónia, Portugal, África do Sul, Espanha, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos. Entrevistados com idade entre 18 e 65 anos, selecionados a partir de amostras nacionais representativas de cada país (gênero e idade). 3.000 entrevistas realizadas em França, 800 em cada um dos restantes países.
NOTA: os gráficos utilizados e ilustrações presentes neste artigo constam do estudo original completo do Observador Cetelem
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