O preço das baterias de iões de lítio baixou 90% desde 2008, segundo um estudo do Gabinete de Eficiência Energética e Energias Renováveis do governo dos EUA. Contudo, e atualmente, os preços dos carros elétricos parecem não ter acompanhado essa descida.

De acordo com este estudo, o preço médio por kW de capacidade de uma bateria de iões de lítio diminuiu de 1.414 dólares (1.263 euros) em 2008 para 139 dólares (124 euros) em 2023*.

Comparação injusta, talvez, até porque em 2008 ainda não existiam veículos elétricos a bateria (VE) produzidos em massa – o Nissan Leaf, por exemplo, só foi lançado em 2011.

Saltos gigantescos

São as economias de escala que explicam, pelo menos em parte, a queda de preços nos últimos 15 anos. Outros fatores importantes são os avanços em termos de composição química das baterias, de fabrico das baterias e da própria tecnologia das baterias. As variações nos preços dos minerais também desempenham um papel importante, nomeadamente o preço global do lítio, que caiu a pique em 2022.

No entanto, é notável a redução do custo das baterias em relação ao custo total de um veículo elétrico nos últimos anos. De acordo com os dados do Statista, em 2016, a bateria representava 49% do custo de um veículo elétrico médio. Esta percentagem baixou para 28% em 2024 e prevê-se que diminua ainda mais (para 19%) até 2030.

Esta percentagem decrescente aponta para outra realidade sobre os preços dos VE: o preço global do veículo não está a diminuir tão rapidamente como o preço da bateria. A paridade global de preços entre os VE e os veículos a combustão interna (ICE), que, segundo algumas previsões de há alguns anos, já deveria ter chegado, continua a ser adiada para o futuro. De acordo com alguns observadores, 2027 é o ano em que será alcançada, enquanto outros apontam 2030 como a meta.

Então, porquê este atraso?

Há várias razões para que a descida de preços dos VE esteja a ficar para trás em relação às baterias para VE. Em primeiro lugar, porque houve muita investigação e desenvolvimento (dispendiosos) por detrás das melhorias na tecnologia, composição e fabrico das baterias ao longo dos últimos 15 anos. Em segundo lugar, há certamente um elemento de obtenção de lucros por parte dos OEM – também como proteção contra a volatilidade do mercado que ainda está por vir.

O mercado dos VE é certamente muito volátil. Os valores residuais dos VE que estão a ser vendidos pelas empresas de leasing são 35% a 40% inferiores aos inicialmente previstos.

Isto deve-se ao facto de os potenciais compradores considerarem que os preços atuais dos carros elétricos usados são demasiado elevados, por duas razões: como a tecnologia dos VE continua a evoluir rapidamente, os modelos com três a quatro anos não se comparam favoravelmente com os modelos mais recentes. Além disso, os novos operadores no mercado estão a oferecer VE a preços muito mais competitivos, levando alguns consumidores a preferir um novo VE chinês a um usado produzido por um OEM antigo.

Consequentemente, por exemplo, a empresa de aluguer de automóveis Hertz teve de amortizar 150 milhões de dólares por ter feito uma estimativa demasiado elevada do valor residual de 20.000 VE.

Saída do mercado

Tim Albertsen, CEO da Ayvens – 3,4 milhões de veículos geridos, 10% dos quais carros elétricos – disse recentemente numa entrevista à Reuters que se a Ayvens for pressionada a eletrificar toda a sua frota, os acionistas não estarão preparados para assumir esse risco e a gigante do renting teria de “sair do mercado”.

Ayvens: a gestora de frota que nasceu com história

Uma resposta menos drástica ao aumento do risco do valor residual dos VE consiste em as empresas de aluguer e de locação aumentarem o preço dos eléctricos para os seus clientes. De acordo com o Center for Automotive Research, as taxas de aluguer de VE na Alemanha quase duplicaram desde 2021, ao passo que as taxas dos veículos ICE se mantiveram praticamente inalteradas.

Significa isto que a discrepância de preços entre os VE e as baterias continuará a aumentar? Não necessariamente.

Alimentada pelo aumento global dos VE, a procura de lítio está a disparar: de 720.000 toneladas métricas em 2022 para 3,1 milhões de toneladas métricas previstas para 2030. Em 2022, a oferta de lítio ultrapassou a procura. Em 2030, muitos preveem que será o contrário. Se assim for, os preços das baterias para carros elétricos voltarão a subir – e a discrepância de preços em relação aos próprios VE… voltará a diminuir.

com Fleet Europe

*taxa de conversão aplicada com o Conversor de Moeda do Banco de Portugal.