Até ao final do primeiro semestre registaram-se 91.561 acidentes de viação em Portugal, cerca de mais 1.300 acidentes comparativamente ao mesmo período de 2017.

Destes acidentes contabilizaram-se 343 mortes e 1.418 feridos graves, números apesar de tudo inferiores aos registados em 2017.

Mas esta contabilidade é sempre estimada, porque constantemente atualizada; as consequências de um acidente de viação podem perdurar no tempo, com resultados fatais ou muito graves não contabilizados no imediato, tal como as sequelas que alguns sinistros podem deixar no ambiente interno das estruturas.

Por isso, não é apenas a questão dos seguros que deve preocupar as empresas.

Os riscos traumáticos, o absentismo resultante de um acidente, a imobilização forçada de máquinas e outras consequências podem prolongar-se no tempo das organizações e, no limite, produzir até efeitos nefastos para a sua imagem junto dos consumidores.

Norma ISO 39001

É neste contexto que surge a norma ISO 39001, destinada a ajudar as empresas a reduzir e até eliminar a incidência e o risco de mortes e ferimentos graves resultantes de acidentes de viação.

O documento original está finalmente traduzido para português, cinco anos após a sua criação, pronto para ser recomendado às organizações.

O “Sistema de Gestão de Segurança Rodoviária ISO 39001”, aplicável a entidades públicas e privadas que interagem com o sistema rodoviário, tem três objetivos fundamentais:

Estimular boas práticas de Segurança Rodoviária, com o propósito de reduzir e mesmo criar condições para que não ocorram mortes ou ferimentos graves resultantes de acidentes;

Reduzir custos económicos ou outras perdas de valor para a empresa, melhorando simultaneamente a produtividade e a rentabilidade do negócio, sempre com garantias de máxima segurança para os colaboradores;

Reforçar a Responsabilidade Social Corporativa, adotando o espírito de responsabilidade compartilhada entre os diversos intervenientes do sistema rodoviário.

Para isso, o conteúdo da Norma ISO: 39001 contém os passos necessários para ajudar a criar um programa de redução da sinistralidade, que parte da observação e análise dos fatores de risco, para a implementação e  monitorização regular de várias medidas concretas.

Mas para o sucesso da sua implementação é fundamental que as empresas estejam capacitadas para:

Analisar todos os processos de mobilidade interna de pessoas e mercadorias, com um estudo concreto e preciso, não apenas das causas de acidentes anteriores, como dos fatores de risco, interno e externo, que decorrem da atividade corrente das organizações;

Identificar os fatores de riscos através da análise do volume de tráfego e das rotas ou percursos com acidentes, detalhando a tipologia das pessoas e viaturas envolvidas, as causas das ocorrências e ainda as respetivas consequências em termos de produtividade e em matéria de custos,
diretos e indiretos, nomeadamente encargos com terceiros;

Implementar um conjunto de indicadores rodoviários, importantes não apenas para identifcar as origens dos sinistros, como para justifcar medidas que previnam novas ocorrências;

Introduzir medidas que podem passar por formações em Segurança  Rodoviária, mas também pela criação de alertas e/ou ferramentas impeditivas de acesso a viaturas, ou da sua condução, por parte de condutores sem aptidão ou condição para o fazerem.

Boas práticas para todos

A identificação e promoção das boas práticas é igualmente um bom princípio para o êxito da luta contra a sinistralidade rodoviária dentro das organizações.

Mas o sucesso de implementação de um Sistema Geral de Segurança Rodoviário (SGSR) radica no compromisso de todos os elementos que pertencem ou trabalham para a empresa, desde o nível da gestão estratégica, até ao nível da gestão operacional. Ou seja, o envolvimento transversal de todos os departamentos, dos Recursos Humanos à Gestão de Frota e até Departamento Financeiro.

Por fim, não esquecer que, quanto maior for o conhecimento das causas e dos fatores intervenientes na sinistralidade, mais rapidamente podem ser sugeridas ou implementadas melhorias na infraestrutura viária e nos veículos, que contribuam para aumentar a segurança dos cidadãos em geral.

Notas finais

Os acidentes de viação são a oitava causa de morte no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde.

Para se ter uma noção do impacto que têm nas empresas, estima-se que cerca de 40% das 25.600 mortes resultantes de acidentes na Europa, em 2016, aconteceram em deslocações de trabalho.

Em Portugal, cerca de 70% dos acidentes em ambiente de trabalho são rodoviários (incluem a movimentação de trabalhadores de ou para o local de trabalho).