Há precisamente um ano o comércio de veículos ligeiros estava 5% abaixo e muitas empresas queixavam-se de atrasos nas entregas de viaturas. Já nos primeiros dez meses de 2024 fizeram-se quase mais 9.500 matrículas de automóveis novos e, dos 173.133 registos de veículos de passageiros, 55.732 são de 100% elétricos. Ou seja, quase 19% do mercado
Os números otimistas do mercado português e os de outubro de alguns mercados europeus (Alemanha e Espanha, ver a seguir) não refletem as nuvens mais escuras que pairam sobre o sector automóvel europeu, motivadas por notícias de encerramento de fábricas e temor das consequências da imposição de tarifas aduaneiras, quer da Europa à China, com possíveis retaliações do governo chinês, quer dos EUA aos produtos importados do Velho Continente.
Aparentemente indiferente à redução da procura de carros 100% elétricos em outros países europeus, Portugal é um dos mercados que mais cresce em termos percentuais: em 2024, a participação de VLP BEV nos primeiros dez meses do ano era de 17%, em 2025 quase atinge os 19%.
Decompondo por categoria, verifica-se a seguinte ordenação:
- 173.133 Ligeiros de Passageiros (crescimento homólogo de 3,5%);
- 26.167 Comerciais Ligeiros (subida homóloga de 15,7%,com o dado relevante de 1.887 unidades serem 100% elétricas, número inferior ao registado há um ano).
Apesar da necessidade de resolver metas ambientais obrigatórias, as autonomias, a expectativa de que a evolução tecnológica traga soluções mais adequadas e os elevados custos de utilização continuam a motivar o adiamento da renovação de algumas frotas.
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Distribuição por tipo de mecânica
Breves do mercado europeu
Na Alemanha, outubro fechou com um crescimento homólogo de 6% do número de novos registos automóveis. Outubro foi o segundo mês mais forte de 2024 no que concerne à venda de VLP BEV, mas o acumulado dos primeiros 10 meses continua 23,9% abaixo do registado em 2023, consequência do fim abrupto dos incentivos à aquisição de um carro elétrico no final desse ano;
Em Espanha o mercado de VLP cresceu 7,2% em outubro, assegurando uma variação positiva anual de 4,9%, apesar da redução das vendas a empresas. As matrículas de automóveis BEV recuaram 11,2% em outubro face ao valor de 2023, mantendo uma variação anual positiva de apenas 1,2%. Isto apesar de vigorar, até ao final do ano, um incentivo para aquisição de veículo elétrico ou híbrido plug-in, que pode ascender aos 10 mil euros;
França registou em outubro uma quebra de 10,86% nas matrículas de automóveis ligeiros, com maior expressão nos ligeiros de passageiros: -11,1%. Nos primeiros dez meses, a variação também é negativa face a 2024: -1,6%, com maior expressão nos VLP, onde a queda é de 2,74%. A quota acumulada de mercado dos BEV é de 17%.
Itália assistiu à terceira queda mensal das vendas de automóveis novos; recuou 9,1% em outubro, após perder 16,5% em agosto e 4,2% em setembro, comparativamente aos mesmos meses de 2024. Os italianos realçam o facto de a FIAT não ter sido a marca mais vendida (desceu 43,38% face a outubro de 2023), sendo ultrapassada pela Volkswagen e pela Toyota. Ainda assim, as matrículas acumuladas nos primeiros 10 meses superam em 1% as registadas em idêntico período de 2023. A venda de carros elétricos baixou 12,7% em outubro, mas está a crescer 3,3% desde o início do ano. Contudo, os BEV representam apenas 4% dos carros matriculados em 2024. Notícia que preocupa o sector, o governo italiano decidiu cortar em 4,6 mil milhões de euros o fundo que financia os incentivos automóveis para o período 2025-2030.
Variação anual das matrículas por tipo de energia
A quota de mercado do bi-fuel é superior a 7% e aproxima-se dos motores a gasóleo. O número de matrículas de híbridos diesel desceu também 10,7% nos primeiros dez meses, em comparação com o mesmo período de 2024.
O interesse deste gráfico está no facto de, ao contrário dos VLP, verificar-se um recuo nas matrículas de VCL 100% elétricos e um crescimento dos diesel. Não consta deste gráfico, mas há também 33 registos de VCL com mecânica movida a gasolina/GPL.