A Renault justifica a existência do Symbioz com o argumento de que este “reúne o melhor dos seus modelos do segmento C em termos de design modular, conectividade e eficiência”. Ora se no campo do design surpreende pelo formato de ‘SUV-carrinha’, uma tipologia que certamente irá ao encontro das preferências dos clientes-empresa, é na eficiência que este novo modelo mais se destaca. Ao longo de mais de 1.000 quilómetros, o Symbioz full hybrid revelou-se um parceiro de estrada bastante competente e terminou este ensaio com um registo capaz de concorrer de perto com muitas carrinhas diesel: 5,0 l/100 km (em ciclo combinado).

Justifica-se então assim aquilo que a marca francesa dizia na altura da apresentação do modelo: “tem as qualidades necessárias para agradar aos clientes familiares e profissionais, que procuram um nível de eletrificação, mantendo o TCO sob controlo”.

Embora a versão ensaiada ultrapasse os 41 mil euros, o Symbioz esprit Alpine é colocado à venda a partir dos 36.500 euros, ficando assim dentro do primeiro patamar da Tributação Autónoma, pelo que passa a ver os respetivos encargos a serem sujeitos a uma taxa de apenas 8%.

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Renault Symbioz: um posicionamento distinto. E único

Estrategicamente colocado entre o Captur e o Austral, o Renault Symbioz tem no seu posicionamento o seu maior aliado e, simultaneamente, talvez o seu maior inimigo.

Se por um lado vem alargar a gama da marca francesa no nível de entrada do segmento C e completar a família E-Tech full hybrid (partilha inclusivamente a plataforma CMF-B que serviu de base a Clio, Captur e Arkana), por outro peca pela proximidade de preço com o seu irmão mais velho – e mais exclusivo Austral, ainda que na sua versão de entrada de gama (a partir de 36.890 euros).

É certo que por ser maior do que o Captur, o Symbioz se perfila como uma proposta mais interessante para quem procura um carro com posição de condução elevada e com a modularidade de uma autêntica station-wagon, com uma bagageira a chegar aos 434 litros de capacidade com os bancos traseiros na posição vertical; rebatendo-os, esse valor fica a dois litros de atingir os 1.500 litros.

Já respetivamente à sua agilidade, é notória principalmente em ambiente urbano, desenvencilhando-se muito bem de todos os obstáculos com que a cidade o presenteia. A direção precisa e com uma boa resposta, aliada a uma suspensão bastante macia a isso ajudam. Quanto ao conjunto motor, nada mais é exigido: oferece boa resposta mesmo em regimes baixos, embora a caixa de velocidades multi-modo do grupo Renault continue a não reunir a maior das simpatias junto dos mais entusiastas pela velocidade e prestações desportivas – embora não seja a isso que este automóvel se preste.

O bloco mecânico do Symbioz E-Tech full hybrid é composto por um motor 4 cilindros a gasolina com 1.6 litros e por dois motores elétricos (um de tração com 49 cv e outro – motor-gerador – de 20 cv). Juntas, estas unidades motrizes debitam 145 cv de potência máxima combinada.

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Impressões

A Renault não precisa de muitos argumentos para convencer os seus já fiéis clientes. É uma marca com estatuto, conquistado à custa de modelos emblemáticos como o Clio ou o Megane (nota para o facto de este modelo vir substituir um anterior modelo da gama Megane, a Sports Tourer), e que agora sob a batuta do irreverente maestro Luca de Meo começa a recuperar terreno à sua outra rival francesa, com uma melodia e harmonia bem definidas e que já começou a dar frutos no mercado nacional.

O Renault Symbioz é também o reflexo dessa aposta na disrupção: um modelo que, embora se posicione entre dois SUV muito bem estabelecidos no canal B2B, procura conquistar o seu lugar na lista de compras dos profissionais com argumentos de peso: bons consumos, caráter familiar e a garantia de fiabilidade de uma marca que, ao longo do tempo, continua a ser sinónimo de conforto e inovação.

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