Em 2022, a falta de viaturas novas está a afetar transversalmente todas as empresas, obrigando à extensão dos prazos de utilização da frota atual ou, na impossibilidade de o fazer, a recorrer a alugueres de curta duração.
Porém, também as empresas cuja atividade é o aluguer de veículos sem condutor estão a ser prejudicadas com a escassez da oferta e, se um dos sectores mais afetados por isso é o Turismo, outras há que dependem das empresas de rent-a-car:
- Entidades seguradoras, gestoras de frota: viaturas de substituição por sinistro, avaria ou atraso na entrega do modelo encomendado;
- Empresas com atividades sazonais, nas áreas da logística, realização de eventos profissionais e/ou espetáculos (preparação, catering, transporte de convidados e equipas de trabalho, de equipamento para preparação de eventos), construção civil e montagem/desmontagem de infraestruturas, entre outras;
- Empresas com intercâmbio de quadros profissionais entre países que, havendo necessidade de uma viatura, pontualmente ou por períodos curtos, geralmente recorrem ao regime de aluguer mensal renovável.
“Os fabricantes deram prioridade aos canais de venda mais rentáveis. O canal mais prejudicado perante esta situação é o dos alugadores de veículos (rent-a-car, rent-a-cargo e renting). A ARAC entende que os fabricantes não deverão esquecer o contributo determinante das empresas de aluguer de veículos há vários anos a esta parte, os quais sempre foram um setor que os apoiou nos tempos difíceis em que não tinham compradores para as viaturas produzidas”, refere a associação do sector.
Os números falam por si. Num ano em que se assiste a um regresso em força do Turismo a Portugal, sabendo que algumas empresas alienaram ou não renovaram parte da sua frota nos anos mais complicados da pandemia, as empresas associadas na ARAC adquiriram apenas 16.090 viaturas ligeiras de passageiros nos primeiros seis meses de 2022, 18% menos do que as 19.656 unidades registadas no mesmo período de 2021.
Para uma noção mais exata do que este valor representa, em junho de 2019, ou seja, num só mês, a ARAC registava a aquisição de 7.857 veículos ligeiros de passageiros, sensivelmente 49% do total de viaturas adquiridas de janeiro a junho de 2022.
À dificuldade de obtenção de viaturas, a ARAC acrescenta “a redução ou mesmo o fim nalguns casos dos descontos de quantidade praticados pelos fabricantes às empresas de rent-a-car, o aumento do custo dos transporte e movimentação de viaturas e o aumento dos custos os combustíveis”, que, naturalmente, se reflete no aumento do custo das tarifas a praticar junto dos clientes.
A associação lembra também que “a escassez de viaturas de rent-a-car e rent-a-cargo terá uma influência determinante na oferta de viaturas de ocasião para venda, os chamados veículos seminovos, os quais que como é sabido são maioritariamente provenientes da renovação das frotas de rent-a-car e rent-a-cargo”.
Aluguer flexível de viaturas: mobilidade com menos compromissos
Números e factos do rent-a-car no primeiro semestre de 2022
Total de aquisições
- Veículos Ligeiros de passageiros: 16.090 unidades, menos 19% do que no período anterior. Este valor representa 21,3% das matrículas totais do segmento nos primeiros seis meses de 2022;
- Veículos Ligeiros de mercadorias: 1.867 unidades, menos 18% do que no período anterior. Este valor representa 15,9% das matrículas totais do segmento nos primeiros seis meses de 2022.
Marcas mais presentes
- Peugeot: 1.869 unidades, menos 23% do que no período anterior. Representa 21,3% das matrículas totais do segmento nos primeiros seis meses de 2022
- Renault: 1.674 unidades, menos 46% do que no período anterior. Representa 30% das matrículas totais do segmento nos primeiros seis meses de 2022
- Citroen: 1.299 unidades, menos 32% do que no período anterior. Representa 26,7% das matrículas totais do segmento nos primeiros seis meses de 2022
- Toyota: 1.102 unidades, menos 1% do que no período anterior. Representa 20,3% das matrículas totais do segmento nos primeiros seis meses de 2022
- Kia: 1.057 unidades, mais 55% do que no período anterior. Representa 31,2% das matrículas totais do segmento nos primeiros seis meses de 2022