“Trabalhámos arduamente para obter estes resultados”, disse com manifesto orgulho um responsável internacional da Seat durante a apresentação do novo Ibiza.

E os números positivos alcançados pela marca espanhola nos últimos anos justificam essa posição: em 2016 a empresa alcançou os melhores resultados financeiros da sua história e, em 2017, a Seat é a única que cresce entre as 4 marcas mais vendidas pelo grupo alemão.

Pela importância icónica que tem para a Seat, a 5.ª geração do Ibiza constitui uma pedra basilar na estratégia de crescimento que a a marca espanhola definiu para os próximos anos.

Depois do Ateca e ao Leon e antes do crossover compacto Arona e de um novo SUV com 5 e 7 lugares, o novo Ibiza pretende ampliar o sucesso junto de um público mais jovem, que privilegia o estilo, e a oferta de novas soluções de conectividade e sistemas multimédia.

Mas para já, o novo Ibiza só com motor a gasolina.

A gasóleo, o conhecido 1.6 TDI só chega no final do ano com versões de 95 e 115 CV e emissões que começam nos 99 g/km.

A aposta inicial para as empresas vai então assentar sobre o motor a gasolina 1.0 com 75 cv.

É com este motor de injeção multiponto e com um bom TCO explicado no papel e assente em dados concretos que a Seat espera convencer algumas empresas, apesar do 1.0 TSI de 95 cv (injeção direta) só custar mais 600 euros e ter emissões mais baixas.

Face a tudo isto qual vai ser a atuação da SEAT em Portugal, nomeadamente na sua postura para o mercado das empresas?

Que atitude comercial vai tomar, que meios vai utilizar e que previsões é possível já fazer?

Rodolfo Schmid, diretor geral da Seat Portugal desde setembro de 2016, detalha à FLEET MAGAZINE várias áreas de intervenção, uma das quais passa por melhorar o valor residual dos modelos a gasolina, para conseguir aumentar a sua competitividade.

E como é que a Seat pensa fazê-lo? Mudando mentalidades e trabalhando o comércio de usados.

Neste campo, Rodolfo Schmid detalha desde logo o potencial do novo Ibiza: “é um conjunto interessante, cresceu, oferece mais espaço, está mais moderno e tem mais equipamento, tem condições para cativar as empresas, mesmo as que procuram versões mais familiares”.

“Estamos sempre à procura de oportunidades de negócio e com o motor de 75 cv (a gasolina) queremos também ganhar quota no leasing”, adianta o diretor geral da Seat Portugal.

“Juntamente com a VWFS, que é a financeira do grupo, estamos sempre à procura da melhor fórmula para dar resposta às necessidades da nossa rede. O que também acontece com outras parceiras.”

Desafiado a falar sobre o posicionamento da SEAT nas empresas em Portugal e quais as previsões para este ano, Rodolfo Schmid reconhece o peso elevado que as frotas têm no mercado português.

“Este canal é naturalmente importante para nós e, efetivamente, temos uma presença significativa neste segmento de negócio: ampliámos as vendas, ganhámos mercado e já temos, inclusive, uma boa representatividade no canal RaC”.

Para isso foi importante não apenas o trabalho desenvolvido com as grandes empresas, mas também com os concessionários.

“Eles têm vindo a profissionalizar-se cada vez mais e nós temos colaborado com a rede, desenvolvendo vários programas nesse sentido”.

Contudo, “não gostamos de falar em previsões. Naturalmente que fazemos um planeamento e aquilo que posso adiantar é que temos a ambição de crescer. O mercado pode não estar a evoluir como todos desejaríamos, mas temos produtos que acreditamos vão permitir-nos crescer acima do mercado”.

Nesse leque de produtos poderá incluir-se uma versão comercial de 2 lugares do Ibiza, a exemplo da anterior geração?

“Não estamos a considerar. Achamos que o Ibiza é um grande carro de passageiros e é com tal que ele tem de ser encarado, que tem de se impor, demonstrando a sua mais-valia e a sua performance. O nosso portfólio atual não considera nenhum modelo comercial”, explica Rodolfo Schmid.

Valor residual de carros a gasolina

Esse crescimento, assegura o diretor geral da Seat Portugal, vai ser possível com a ajuda de versões a gasolina, apesar da procura de carros a gasóleo continuar elevada.

“Os motores a gasolina estão cada vez mais eficientes e isso está a torná-los mais competitivos. Como parece haver intenção de melhorar essa competitividade em detrimento do diesel, então, seguramente, isso vai acrescentar importância aos carros com motor a gasolina”.

Contudo, prossegue Rodolfo Schmid, “aquilo que considero determinante é o valor residual, porque é o que acaba por ter mais peso num TCO e, como sabemos, os valores residuais dos carros a gasolina são inferiores aos do diesel”.

“Para isso”, concretiza, “estamos a trabalhar 2 elementos importantes: mudança de mentalidades dos consumidores e reforço do canal de usados na nossa rede, de forma a assegurar a melhoria do bom valor residual”.

E Rodolfo Schmid termina convicto:

“Naturalmente, isso vai também melhorar a competitividade destes carros no canal das frotas”.