sinistralidade empresa

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Ricardo Silva é director comercial adjunto de business development na LeasePlan Portugal

Neste artigo vou abordar o tema da sinistralidade e a importância de combatermos o principal responsável por este flagelo.

Sabia que os nossos comportamentos são o principal responsável pela sinistralidade rodoviária?

Segundo o Mobility Monitor realizado anualmente pelo Grupo LeasePlan, 71% dos condutores admitem falar ao telemóvel enquanto conduzem, e ainda mais preocupante, um em cada cinco inquiridos reconheceu já ter navegado nas redes sociais ou e-mails enquanto conduzia. De salientar ainda que a generalidade dos inquiridos reconhece circular em excesso de velocidade com regularidade.

Sabia que um condutor desvia os olhos da estrada cerca de 5 segundos cada vez que responde a um sms? Caso o veículo se desloque a uma velocidade de 80 km/h, estes breves segundos equivalem a percorrer um campo de futebol de olhos vendados.

Estas e outras constatações permitem concluir que, apesar de nos últimos anos assistirmos a uma melhoria significativa da segurança dos veículos e estradas, a verdade é que os nossos comportamentos não acompanharam esta evolução. O aparecimento das novas tecnologias e a dependência que temos destes “pequenos” objectos apenas veio agravar esta realidade. As consequências destes comportamentos podem colocar-nos numa posição irreversível, mas talvez pior do que isso será o impacto colateral que irá ter nas pessoas de quem mais gostamos. Adiar um telefonema ou a resposta a um e-mail, certamente não acarretará consequências comparáveis ao resultado de uma distracção momentânea.

Todos temos a preocupação pelo bem-estar e segurança dos nossos condutores, e sendo que muitas das frotas empresariais são compostas por veículos de passageiros, acredito ser importante dotarmos as nossas políticas de frota de medidas que sensibilizem os condutores para a necessidade de diminuírem a sua exposição ao risco, bem como disponibilizar-lhes ferramentas que facilitem a adopção de comportamentos defensivos.

Segundo o “Car Policy Benchmark”, em Portugal, logo após a redução dos custos directos e indirectos, os gestores de frota têm como prioridade a otimização da segurança rodoviária. No entanto, outros estudos revelam que ainda existe um longo trabalho a realizar, nomeadamente no que respeita à implementação de medidas abrangentes e que se foquem na melhoria comportamental dos condutores, e não apenas na optimização das suas capacidades técnicas.

As soluções são várias, mas a abordagem deve ser estruturada de acordo com padrões exigentes e adequados às rotinas diárias dos condutores, permitindo assim consciencializá-los e cativá-los a embarcar nesta mudança.

Uma abordagem bem estruturada permitirá aliar o aumento da segurança dos condutores a uma redução dos custos indirectos com a frota.

A implementação de medidas bem estruturadas que permitam fazer face a este problema acarretará inevitavelmente um aumento dos custos directos, mas os resultados que advêm da mudança comportamental podem suprimir por completo este impacto ou até mesmo reduzir o TCO da frota, através da redução de custos indirectos, tais como combustível, sinistros ou outros.

Estudos realizados comprovam que a implementação de uma estratégia de prevenção rodoviária assente na melhoria comportamental, que poderá passar por campanhas de comunicação, formações de condução e instalação de equipamentos telemáticos, podem permitir reduzir os custos com sinistros e combustível até 20%. Considerando que apenas o combustível corresponde, em média, a 25% do total de custos de uma frota, rapidamente compreendemos que um investimento estruturado pode resultar num aumento da eficiência da utilização da frota, e por essa via atingir resultados muito expressivos.

Como abordar este tema?

Prioridades dos gestores de frota

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(Fonte: Car Policy Benchmark, Leaseplan)

A realização de formações de condução defensiva pontuais e em espaços controlados (ex. autódromos) é, por norma, uma das medidas adotadas pelas empresas. Vários são os exemplos que comprovam que esta poderá não ser a melhor abordagem ao problema.

Estudos realizados nos últimos anos referem que devemos adaptar as formações de condução à realidade diária dos nossos condutores, bem como assegurar que estas se prolongam no tempo, permitindo assim “manter vivo” na memória de todos a necessidade de adoptar comportamentos seguros e eficientes.

Quando falamos de segurança, é importante não descurar a existência de ferramentas tecnológicas de elevada utilidade para ambas as partes.

Através de plataformas online ou aplicações para smartphones, o gestor e os condutores ganham maior consciência da tipologia de utilização dos veículos.

Na perspectiva de quem gere uma frota, estas ferramentas permitem actuar preventivamente junto dos condutores no sentido de alertar para possíveis riscos em que estejam a incorrer, não apenas no que concerne à tipologia de condução, mas também sempre que se verifique uma utilização intensiva que possa estar a expor ao risco em demasia um condutor.

Para quem diariamente conduz um veículo, esta é uma óptima solução, na medida em que permite o acompanhamento detalhado da sua tipologia de condução, dando relevância a aspectos que o ajudarão a compreender como optimizar a segurança através da melhoria comportamental.

Mediante a tipologia da sua frota, estas soluções tecnológicas poderão permitir conciliar a melhoria comportamental com o aumento da eficiência operacional.

A implementação de um programa de prevenção rodoviária deve ser precedida de uma análise da realidade da frota. Aspectos como “Qual a frequência de sinistralidade da minha frota?”, “Quantos condutores apresentam mais do que um sinistro todos os anos?” ou “Qual a tendência nos últimos anos?” são algumas das questões que devem ser respondidas antes de definir a melhor abordagem.

Estas são algumas das fases que acredito serem essenciais quando equacionamos a implementação de um programa de prevenção rodoviária:

Análise de perfis de risco:

Como em outros temas relacionados com a gestão de recursos humanos, é essencial compreendermos quais as dificuldades com que os nossos condutores se deparam diariamente. Desta forma conseguiremos personalizar as formações e restantes actividades de acordo com as necessidades de cada um.

Formações de condução:

As formações de condução devem também ser adaptadas à realidade de cada um. Disponibilizar uma experiência de condução que não esteja relacionada com as experiências diárias de condução pode não ser a solução mais adequada.

Analisar os comportamentos de condução em ambiente real é por isso, na minha opinião, a melhor solução. Esta abordagem permitirá direccionarmos os nossos esforços de forma mais eficiente, permitindo em simultâneo que os condutores se revejam nos resultados obtidos e que procurem activamente melhorar as suas características enquanto condutores.

Acções de sensibilização prolongadas no tempo:

A existência de acções ou actividades regulares e prolongadas no tempo permitirá manter os nossos condutores focados no objectivo.

Acredito que a disponibilização de conteúdos que permitam sensibilizar regularmente os condutores para este tema, deverá ser um dos pilares que compõem um bom programa de prevenção rodoviária.

Esperamos que este artigo tenha sido esclarecedor e que contribua activamente para tornar a gestão da sua frota mais fácil e eficiente!