Considerando que, na primeira metade de 2016, a maioria dos mais de 59 mil acidentes registados nas estradas portuguesa envolveu condutores profissionais ou trabalhadores de ou para o seu local de trabalho, como podem as empresas ficar alheias a este número?
Em 2015, três aviões Airbus A320 caíram nas estradas portuguesas, vitimando todos os tripulantes e passageiros a bordo.
Se realmente esta sequência de acidentes de aviação tivesse acontecido, o impacto na opinião pública seria seguramente maior do que o simples anúncio do número de mortos e de feridos graves que resultaram de acidentes de viação no ano passado: 478 e 2206, respetivamente.
A analogia, utilizada pelo tenente-coronel Lourenço da Silva, chefe da divisão de trânsito da GNR, na apresentação feita na conferência “A Sinistralidade e a Alteração dos Comportamentos” organizada pela Leaseplan, realça a importância que a sinistralidade rodoviária deve ter também para as empresas, uma vez que, para estas, além das questões humanitárias, está em jogo o agravamento dos custos do trabalho.
Mas se é ponto assente que as estradas melhoraram, os automóveis estão mais seguros e as frotas são mais jovens, por que razão não diminuiu, na mesma proporção o número de acidentes rodoviários em 2015?
Dos trabalhos da conferência ressaltou que a causa principal tem a ver com o fator humano, ou seja, os hábitos e os comportamentos dos condutores ao volante, explicados de forma mais detalhada neste texto de Ricardo Silva.
Quer dos resultados apurados pelas autoridades, como dos inquéritos efetuados pela gestora junto dos seus clientes, à cabeça das infrações que deram origem a acidentes ou que são prática mais recorrente, estão o desrespeito das regras de trânsito, principalmente o limite de velocidade, e o uso do telemóvel durante a condução.
O principal alerta para as empresas deixado pela ANSR e pela PRP, igualmente presentes na conferência, estão duas outras causas que, de forma independente ou conjugada com algum dos fatores anteriores, são relevantes junto no universo dos condutores profissionais: fadiga da condução e, surpreendentemente, o excesso de álcool ao volante.
Porque “o acidente rodoviário não é um acontecimento fortuito, não é obra do acaso”, como bem sintetizou o tenente-coronel Lourenço da Silva, o excesso de confiança, os automatismos durante a condução, a crescente quantidade de tecnologia e de conetividade a bordo são também potenciais causas que devem ser trabalhadas pelas empresas, nomeadamente com ações de sensibilização e formação aos seus condutores.
Afinal, tão ou mais importante do que alertar para a eficiência dos consumos, é assegurar a contínua operacionalidade de uma frota automóvel por via da redução de sinistros que obrigam à imobilização da viatura ou do seu utilizador, desta forma minorando os custos, diretos e indiretos, daí resultantes.