Os automóveis elétricos não servem para fazer grandes viagens e demoram muito tempo a recarregar a bateria? Esta versão do ŠKODA Enyaq dissipa qualquer receio e mostra como é possível conduzir com classe, economia, silêncio e conforto.
Há marcas automóveis de onde se espera que nos transmitam estatuto, mostrem qualidade e permitam uma condução que resulte numa experiência agradável à chegada ao destino.
Invariavelmente, a generalidade dos condutores associa estas sensações a automóveis de marcas premium, com preço menos acessível; por isso é tão bom descobrir carros que conseguem reunir todos estes atributos e acrescentar-lhes um habitáculo espaçoso e um custo por quilómetros bastante mais reduzido, como só um automóvel 100% elétrico consegue proporcionar.
Depois de construir uma reputação assente sobretudo em modelos familiares, que foram progredindo na qualidade mantendo um preço mais acessível do que outras marcas do grupo Volkswagen (ao ponto de hoje ser a segunda marca do grupo em termos de vendas), a ŠKODA faz uma entrada em grande no mundo dos automóveis elétricos.
Em grande, não só porque o Enyaq é um SUV de dimensões generosas, mas também porque está bem construído, é bastante homogéneo, proporciona o conforto dos melhores estradistas e, na versão que estamos a tratar, oferece uma autonomia e permite uma velocidade de carregamento que ajuda a ultrapassar a ansiedade habitual de quem ainda não está familiarizado com a mobilidade elétrica.
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Sinergias
Naturalmente, o ponto de partida do ŠKODA Enyaq é outro modelo do construtor: o Volkswagen ID.4.
Utiliza a mesma plataforma e a mesma solução mecânica, no caso da versão iV 80, uma bateria com 82 kWh de capacidade bruta (77 kWh úteis) para alimentar um motor elétrico de 204 cv.
Com motor e tração traseira e bateria distribuída ao longo da plataforma, os cinco lugares espaçosos do Enyaq são complementados por uma bagageira bem esquadrada, com 585 litros de capacidade.
Ora se as linhas exteriores chamam à atenção pela volumetria e pela forma muito bem equilibrada e luminosa como se desenham tridimensionalmente, o painel de bordo surge mais sóbrio e quiçá demasiado discreto; atrás do volante existe apenas um pequeno painel digital com ar introvertido e poucas funções configuráveis (embora parte delas possam ser projetadas no vidro), transportando a visibilidade e o controlo da maioria das informações e das operações para o ecrã tátil central.
Pequenos botões sob este painel central permitem aceder mais rapidamente aos menus de alguns destes comandos digitais.
Uma vez que a transmissão é comandada por um igualmente discreto manípulo entre os bancos, isto resulta num proveito importante para quem gosta de viajar: condutor e acompanhante dianteiro contam com muitos espaços para guardar objetos pequenos e de média dimensão.
125 azul
No que toca à condução, o Enyaq testado na versão mais “pacífica” de motor (204 cv) não se revelou um carro impulsivo. Embora houvesse a possibilidade de escolher um modo mais dinâmico, a batida tranquila da conhecida música dos Trovante inspirou uma condução mais suave e familiar, com a surpreendente e agradável constatação de descobrir que um SUV 100% elétrico também pode ter uma suspensão macia (auxiliada pelos pneus desta versão) tão amiga do conforto.
Quanto à autonomia, no papel, com bateria mais pequena, o iV 50 e o iV 60, por serem mais leves e menos potentes, prometem 355 e 413 km, respetivamente. Já o iV 80, em cenário real e respeitando o código da estrada, supera facilmente tais distâncias com uma única carga.
E não é ficção: efetuando médias entre os 15 e os 17 kWh/100 km, uma viagem maioritariamente extra-urbana de quase 340 km, entre os arredores de Lisboa e o Algarve, completou-se com o painel de bordo, à chegada, a assinalar bateria para mais 100 km de percurso.
Resumo do diário de bordo
- Azambuja-Loulé: 339 km (por IC1 e N125)
- Autonomia à chegada: 100 km
- Consumo médio: 15,5 kWh/100 km
- Viagem total: 860 km
- Consumo médio: 16,8 kWh/100 km
A forma mais rápida de reabastecer a bateria de energia seria levá-lo a um posto de 125 kW (opção: carregamento de bateria DC/Type 3 custa mais 540 euros). Mas como estes carregadores não abundam, precisou de cerca de uma hora para recuperar de 20 para 80% a capacidade da bateria num posto de 50 kW que, às vezes conseguia chegar perto da velocidade de carregamento prometida.
Por se tratar de um veículo 100% elétrico, os encargos com o ŠKODA Enyaq ficam isentos de Tributação Autónoma. Todas as versões são sempre Classe 1, com ou sem dispositivo eletrónico de cobrança de portagens
Impressões
Parte importante do êxito da ŠKODA está no interesse que desperta para as empresas.
A marca é um exemplo de crescimento neste canal, através de propostas que se tornaram cada vez mais apelativas ao olhar, conservando a habitabilidade e a funcionalidade que sempre a caracterizaram, e evoluindo para uma sensação de qualidade que gera cada vez menos reservas.
Esta evolução tem um custo e o fator preço, pelas razões anteriormente descritas, é cada vez menos uma razão que justifica a escolha.
E o ŠKODA Enyaq é precisamente o melhor exemplo de afirmação de uma marca que é cada vez menos “opção a” para ser “a opção”.
Apesar da volumetria aparente, outra virtude deste automóvel é a facilidade de condução urbana. E por se encaixar com tanta facilidade numa rotina diária quotidiana e permitir percorrer grandes distâncias, pode ser uma boa solução para as empresas que precisam de convencer os utilizadores mais relutantes em aderirem ao modelo 100% elétrico.