Na primeira parte da entrevista que deu à Fleet Magazine, José Manuel Amorim Faria, presidente do Conselho de Administração da SOPSEC, explicou como faz a gestão da frota automóvel da empresa, baseando a sua operação na lógica matemática dos números.
Nesta segunda parte, fique a conhecer os planos para o futuro da frota automóvel da SOPSEC.
Já conta com automóveis elétricos. O que motivou a decisão de os introduzir na frota?
Temos quatro carros elétricos. Investimos nos elétricos por permitirem poupar cerca de sete a dez cêntimos por quilómetro, em termos de exploração, e por terem vantagens fiscais muito grandes, quer no momento da compra, quer com as Tributações Autónomas.
A contabilidade ao quilómetro destes modelos é diferente daquela que realiza para a restante frota?
Ainda tenho de perceber como “envelhecem” estes carros. Para já, têm revisões mais baratas, em média gastam em energia apenas três cêntimos por quilómetro e gastam literalmente “zero” em peças novas. Ou seja, ainda estou na fase “mar de rosas”…
Como tem sido a aceitação destes carros por parte dos seus utilizadores?
Francamente, a aceitação dos elétricos ainda é baixa devido às dificuldades de carregamento. É preciso esclarecer que o custo acima referido só é conseguido ao carregar em casa à noite. O que alguns (poucos) colaboradores conseguem fazer. Por isso, a decisão de compra de elétricos na empresa está muito condicionada pela possibilidade de os utilizadores destes carros poderem carregar o carro em casa, de forma rápida, simples e barata.
As autonomias e os carregamentos são os maiores desafios que enfrenta com estes carros?
O desafio das autonomias e dos carregamentos é realmente grande. Compro carros com baterias de 40 kWh, pelo menos, e autonomias acima de 250 km. Os carros são selecionados pela razão custo/benefício expectável. Temos três Nissan Leaf com bateria de 40 kWh e “gama média” de equipamento e um Tesla Model 3.
No que se refere aos carregamentos, a questão fiscal é relevante. Não consigo obter um justificativo, uma fatura dos carregamentos em casa dos colaboradores. Este é obviamente um problema, até porque impede a dedução do IVA.
Por outro lado, os abastecimentos na rede pública de abastecimento ainda são significativamente caros: cerca de entre o dobro e o triplo de carregar em casa à noite, mesmo contando com a possibilidade de deduzir o IVA nos carregamentos na rede pública. Para realizar viagens grandes, obviamente que esta é a única via viável, pelo que, nestes casos assumimos um custo médio ponderado de seis cêntimos por quilómetro, ainda assim, mais baixo que o custo estimado usando viaturas a gasóleo ou gasolina.
Olhando para o modelo de gestão que faz para a frota com motor térmico, diria que também é possível fazê-lo com os carros elétricos e, eventualmente, híbridos plug-in? Ou seja, vir a adquiri-los usados ou mantê-los a circular por várias centenas de milhares de quilómetros, eventualmente recuperando-lhes a bateria?
Não faço ideia de qual vai ser o futuro das viaturas elétricas. Para já, as expectativas são excelentes. Há relativamente pouco tempo admiti comprar um elétrico usado por um preço muitíssimo interessante, o que não fiz por ainda não estar nessa “fase”, de comprar usados elétricos. Em relação ao tema “vida útil das baterias”, “custos de recuperar baterias”, “custos de baterias novas”, outros custos de manutenção e reinvestimento que ainda não detetei, vou ter de estudar e aprender. Continuo a ler muito, porque quero manter um bom conhecimento dos temas. Incluindo este. Porque entendo que para gerir bem uma frota automóvel é necessário gostar de automóveis, mas também estar sempre a atualizar os conhecimentos.
B.I. da frota SOPSEC
- Número de veículos: 87 viaturas ligeiras.
- Por tipologia:
Ligeiros de passageiros: 33 unidades;
Comerciais ligeiros: 54 (derivados de Turismo). - Dos quais 4 VLP BEV, 1 VLP PHEV.
- Idade média da frota/quilometragem média:
Ligeiros de passageiros: 4,4 anos/cerca de 48.000 km;
Comerciais ligeiros: 13,2 anos/cerca de 210.000 km. - Financiamento: 10 unidades em renting, 77 unidades propriedade da empresa.
- Gestão de combustível/carregamento elétrico: Cartão GALP Frota.
- Sistemas de georreferenciação: foi feita a experiência num grupo de três viaturas com duas empresas diferentes. Considerado sem interesse numa relação custo-benefício.
- Políticas internas de responsabilização de utilização das viaturas: Cumprimento do Regulamento de utilização de automóveis da empresa. Todas as viaturas têm seguro danos próprios com franquia 350 euros. No renting, a inclusão de viatura de substituição é um problema, sendo necessário contratar seguro adicional para obter franquia baixa ou zero.
- Frota decorada: Todas as viaturas comerciais decoradas. Restantes não. Colaboradores preferem andar em viatura não decorada.