Um grupo de fabricantes automóveis prepara-se para comprar emissões de carbono à Tesla. Com o objetivo de evitarem as pesadas multas previstas caso não cumpram com o disposto no Regulamento 2019/631 do Parlamento Europeu e do Conselho de 17 de abril de 2019, a Stellantis, a Ford, a Toyota, a Mazda e a Subaru vão entrar numa pool com a Tesla para assim beneficiarem dos seus valiosos créditos de CO2.
Se não forem cumpridas estas metas intermédias de redução de carbono da União Europeia (UE) para 2025, as chamadas normas CAFE, podem custar aos fabricantes de automóveis milhares de milhões de euros em multas (95 euros por cada carro e por grama de CO2 a mais). Como tal, e para não sofrer pesadas sanções, a Stellantis, que em 2021 pela voz de Carlos Tavares anunciava que iria cumprir as metas de emissões de CO2 sozinha, é agora uma das principais beneficiárias desta pool (grupo da qual até a marca chinesa 100% elétrica Leapmotor faz parte).
Jean-Philippe Imparato, chefe das Operações Europeias da Stellantis, dizia em dezembro de 2024 que, com base nas diretivas europeias, as vendas de elétricos do grupo na Europa teriam de aumentar 12% do total atual para 21% e, caso tal não acontecesse, a Stellantis arriscar-se-ia a potenciais multas de cerca de 300 milhões de euros por cada ponto percentual não atingido. Ora, se a Tesla tem créditos de emissões de sobra, esta poderá ser uma jogada inteligente por parte do gigante automóvel francês, que desta forma otimiza recursos e pode continuar a concentrar-se no desenvolvimento das novas tecnologias elétricas e de baixas emissões dos seus veículos.
E se até aqui nenhum dos construtores signatários deste documento se pronunciou oficialmente sobre esta adesão, ela pode ser consultada aqui.
O documento revela que a Tesla é a gestora desta pool e que qualquer pedido adicional de outra marca automóvel para se juntar ao agrupamento terá de ser apresentado antes de 5 de fevereiro de 2025 para validação final.
Na declaração de intenções de constituição de agrupamentos (pools) abertos de emissões podem ser vistas a Volvo, a Polestar e a smart, que também planeiam juntar as suas emissões de carbono, desta feita com a Mercedes-Benz.
Importa ainda referir que, ao constituirem um agrupamento, os fabricantes devem respeitar as regras do direito da concorrência.
Recorde-se que a UE estabeleceu novos objetivos de emissões de CO2. Agora, aplicáveis já desde 1 de janeiro de 2025, estes objetivos que se baseiam no WLTP (Procedimento de ensaio harmonizado a nível mundial para veículos ligeiros) e estabelecidos na Decisão de Execução (UE) 2023/1623 da Comissão, prevêem os seguintes valores para os ligeiros de passageiros: 93,6 g de CO2/km (2025-2029) e 49,5 g de CO2/km (2030-2034).