Longe vai o tempo em que, nas palavras de um artista brasileiro de visita a Lisboa, Portugal “era um país rico”. É que os táxis eram quase todos “Mercedes e ‘Mercedões’”, contrastando com a realidade do seu país.
Gradualmente, o panorama das praças portuguesas alterou-se. Novas marcas e modelos ganharam espaço, com diversos importadores automóveis a conceberem propostas cujo preço de aquisição atraente é complementado com custos operacionais competitivos e atendimento oficinal rápido.
Škoda, Dacia e Citroën. Marcas com propostas baratas e prontas a servirem como carro de praça
Na verdade, entre utilitários e monovolumes a oferta é variada. Olhámos para três que representam a maior taxa de crescimento do setor nos últimos anos. E, com exceção da Citroen (a marca francesa sempre esteve presente, desde o célebre “DS”, até aos mais recentes C4 Picasso, C5 Tourer ou até Jumpy e Berlingo), Škoda e Dacia não tinham qualquer tradição no panorama das frotas de táxi.
Na reportagem completa publicada na edição n.º 23 da FLEET MAGAZINE (Dezembro 2014), a proposta mais barata é o Dacia Sandero Bi-fuel 1.2/75 cv Comfort. Custa 8.875 euros sem IVA e com o ISV ajustado à atividade de táxi.
Uma escolha motivada apenas pelo preço?
Uma das razões que pode explicar o rápido crescimento destas marcas entre as frotas de táxis é o seu baixo preço de aquisição. Mas esta não seria suficientemente válida, caso esse custo não correspondesse, em termos de qualidade e fiabilidade, a uma utilização tão intensa e exigente, quanto aquela a que é submetida uma viatura “táxi”.
Quando a marca checa chegou às frotas de táxi, em 2009, já era razoavelmente conhecida dos portugueses. O mesmo não aconteceu, em 2012, com a Dacia. Em comum, ambas partilham a vantagem de beneficiarem da tecnologia e do “know-how” de duas grandes construtoras automóveis, VW e Renault, respetivamente. O que certamente contribuiu para ajudar a vencer qualquer preconceito contra estas duas marcas.
Atendendo à utilização intensiva destas viaturas, são os carros atuais mais robustos e fiáveis?
“A crescente aceitação dos nossos modelos tem sido fruto da grande fiabilidade e qualidade de construção que é reconhecida por um mercado extremamente exigente”, afirma Ricardo Rebelo, diretor comercial da Škoda em Portugal.
Pelo mesmo diapasão alinha Ricardo Oliveira, responsável pela comunicação da Dacia: “o sucesso da marca neste mercado tem sobretudo a ver com as características de menor investimento na aquisição, baixo custo de utilização e de robustez/fiabilidade que lhe são amplamente reconhecidas e que são indispensáveis para o tipo de utilização específica como Táxi”.
“Os atributos que estimulam a procura do C-Elysée são a sua robustez, testada em quatro milhões de quilómetros de ensaios antes do lançamento, o seu comportamento em estrada e a segurança. E, claro, o facto de dispor de um motor Diesel HDi vastamente reconhecido pelos consumos baixos. Tudo isto proposto por um preço extraordinariamente atrativo”, explana Jorge Magalhães, diretor de comunicação da Citroën.
Fator muito importante é o da manutenção. Na reportagem publicada na edição n.º 23 da FLEET MAGAZINE (Dezembro 2014) são abordadas as condições de atendimento prioritário criadas para estes profissionais, tanto nas marcações como no atendimento oficinal.
No global representam mais de 50% do mercado
São estes fatores que justificam o facto do Citroën C-Elysée ser “um verdadeiro fenómeno comercial” que veio dar “um impulso extraordinário ao mercado nacional de Táxis”, segundo Jorge Magalhães.
Fundamenta o que diz no facto de, em apenas 9 meses de comercialização (em 2013), a versão ter representado 42% das vendas totais de Táxis em Portugal nesse ano. “Podemos afirmar que se tornou no modelo preferido da ‘Praça’”, reforça o diretor de comunicação da marca francesa.
Os números de venda contabilizam 320 C-Elysée Táxi em 2013, somando, no total, 475 unidades até meados deste ano.
“Conseguiu um efeito assinalável: fez disparar as vendas totais deste mercado, que já não crescia desde 2010. Em 2013 ascendeu às 763 unidades, ano da chegada do nosso modelo. Destes, 320 são ‘nossos’ e, por conseguinte, isso significa 42% da quota do mercado de táxis no ano passado”, concretizou o diretor de comunicação da Citroën.
“A Škoda tem vindo a aumentar o seu volume de negócios neste canal. Nos últimos 5 anos crescemos de uma quota de 13,1%, em 2010, com 89 unidades vendidas, para 26,6% em 2014. Vendemos 137 unidades até Agosto. Em 2013 as vendas para táxis representaram cerca de 9% do total de vendas da marca e, este ano, até à data, representam 8,5%”, concretiza o responsável da marca checa. “Além do Rapid, por ser uma viatura com bastante espaço interior e pela excelente relação qualidade-preço que possui, o Octavia (nas versões Limo e Break) continua a ser um modelo muito procurado”.
Ricardo Oliveira, diretor de comunicação da Dacia detalha o historial da marca no mercado dos táxis: “o primeiro modelo “táxi” foi o Dacia Logan MCV da primeira geração. Ainda hoje, em termos de parque, é o modelo que tem maior representatividade. Segue-se o Dacia Sandero da 2.ª geração. Atualmente, o modelo com maior procura é o novo Dacia Logan”.
Nos dados que fornece, entre 2012 e até ao final de Julho de 2013, a Dacia vendeu cerca de 260 viaturas para Táxi. Quase todos para a frota da cidade de Lisboa. Isto significou, no biénio 2012/2013, que a quota neste mercado do construtor romeno foi de 17,5%. E entre janeiro de 2012 e junho de 2014, representam 5,7 das vendas globais de passageiros.