IVA e Tributação Autónoma. Estes são os responsáveis principais do facto de a electrificação ganhar cada vez mais espaço nas empresas.

A questão ambiental terá o seu carácter de importância, seguramente. Sobretudo nas organizações que estão obrigadas a apresentar relatórios de sustentabilidade o mais possível coloridos de tom verde mas, apesar do carácter de volatilidade contido na fiscalidade automóvel em Portugal, contas feitas, é ela quem permite atingir saldos positivos e bem vistos na apresentação das despesas anuais com as frotas.

Ora se é fácil equacionar a vantagem da dedução do IVA num ligeiro de turismo, como se de um veículo de mercadorias se tratasse, os cortes na Tributação Autónoma, dissipam quaisquer dúvidas: isenção total nas unidades puramente eléctricas e a 50% nos plug-in, com excepção do escalão intermédio, que passa de 27,5% para 10%, não sendo por isso de estranhar que seja aquele onde se concentra maior procura, embora a redução de 35 para 17,5% no mais elevado justifique a mesma atenção por parte das empresas.

Embora se trate de um custo menos significativo, os veículos eléctricos beneficiam também de isenção total de IUC.

Justiça seja feita, podem acrescentar-se mais razões: a operacionalidade é uma delas, nomeadamente na lógica do “last mile” ou do uso intensivo em ambiente urbano, caso da EMEL, onde a necessidade de efectuar pequenos percursos, de parquímetro em parquímetro, para recolha dos pagamentos, viu nos EV a melhor solução devido ao menor desgaste face a uma viatura de combustão ou até o caso da Beltrão Coelho que, com a utilização de eléctricos, consegue reduzir substancialmente a factura do estacionamento urbano, graças ao dístico verde.

Na elaboração destes dois quadros, a maior dificuldade foi seleccionar os modelos a comparar. Tomando como ponto de partida os três primeiros colocados de cada categoria nas vendas efectuadas em Portugal nos primeiros quatro meses de 2019, como escolher, dentro de cada marca, qual a versão térmica capaz de fazer pender a balança das compras de uma empresa?

Na verdade, não deverá haver uma resposta suficientemente precisa a esta questão, uma vez que cada caso é um caso.

Não compare. Decida ponderando todos os custos e as vantagens

 Por isso, a recomendação que deixamos é que olhe para esta análise de TCO elaborada pela TYPS4Y para a Fleet Magazine como um simples estudo indicativo, onde não entram em linha de conta factores como a possibilidade do ZOE dispor de uma modalidade FLEX, que permite o aluguer das baterias (baixando automaticamente o custo de aquisição) ou sequer a evolução da Tributação, nomeadamente no que se refere à possível ampliação da dedução de uma percentagem do IVA da gasolina para os híbridos “plug-in”.

Por falar em “plug-in”, outra dificuldade é estimar as despesas com os carregamentos ou até atingir um grau mais ou menos preciso dos consumos de uma e de outra fonte de energia, variáveis em função do utilizador e do perfil de percurso habitualmente utilizado.

A título de curiosidade, nesta relação consta um das poucas unidades “plug-in” a oferecer uma solução electrificada de uma motorização a gasóleo – o Mercedes-Benz Classe E –, o que, à partida, vem acrescentar uma vantagem no que toca à dedução parcial do IVA do combustível.

Naturalmente, não são também equacionados os custos de infra-estrutura necessários para a instalação de postos de carregamento ou outros encargos relacionados com a utilização de pontos de carga públicos

Outro factor que comporta risco é a desvalorização atribuída à viatura. A falta de historial e a direcção que estes dois tipos de mecânica poderão ter impede maior rigor, porém, para as empresas, importa para já referir que ambos beneficiam também de um aumento dos limites de depreciação em sede de IRC.

Como referência, à data em que esta tabela foi elaborada, foram utilizados os seguintes valores e dados:

– Consumo eléctrico de cada viatura obtidos através do portal ev-database.org;

– Consumo eléctrico dos modelos “plug-in” uniformizado para 12 kW em todos os modelos;

– Custo médio de cada kW: €0,18 (este valor pode ser substancialmente mais baixo, por exemplo, em tarifa bi-horária);

– Consumo de combustível baseado nos valores indicativos de cada construtor;

– Preço por litro de gasolina: €1,601 (fonte Ense, PVP à data do estudo);

– Preço por litro de gasóleo: €1,40 (fonte Ense, PVP à data do estudo);

– Os valores de aquisição de cada viatura são preços de tabela e não incluem descontos para empresa. Tentaram considerar-se as versões mais presentes nas negociações para frotas;

– Todos os restantes valores são indicadores de referência fornecidos por ferramentas da TIPS4Y habitualmente utilizados nas análises de TCO elaboradas para a Fleet Magazine;

– Estudo efectuado com base em 48 meses/120 mil quilómetros.