“Conseguimos negociar os carros ao melhor preço, conseguimos o mesmo com as locadoras em relação às rendas e até optar por determinado modelo em função da sua eficiência energética. Tudo o resto, depende de quem conduz”
São quase quatro centenas de veículos que prestam serviços nas áreas da energia e das comunicações. Com tipologias que variam em função das necessidades dos clientes, correm o país de norte a sul, perfazendo cerca de um milhão e duzentos mil quilómetros por mês.
Perante estes valores não é difícil adivinhar o peso que a frota automóvel tem no orçamento da empresa.
Por isso, na entrevista publicada na íntegra na edição 25 da FLEET MAGAZINE, José Manuel Costa, responsável pelo aprovisionamento da Telcabo explica que uma das primeiras preocupações que tem é a de assegurar a melhor rentabilidade de cada deslocação e de cada viatura.
“Em 2015, a palavra-chave é formação, sensibilização, gestão de competência de cada colaborador para a condução, para torná-la mais eficiente e, deste modo, acrescentar mais-valia à empresa”, assegura.
Com sete pólos de atividade distribuídos maioritariamente pelo interior do país e quase seis centenas de colaboradores, dos quais apenas pouco mais de metade pertence aos quadros da empresa, a tarefa não se adivinha fácil.
Para ajudá-lo, o gestor de frota da Telcabo conta com duas ferramentas que considera essenciais e que se complementam entre si: cursos de condução eficiente e uma aplicação capaz não só de recolher e tratar dados completos de cada condutor, como de permitir que cada utilizador auto-monitorize o desempenho da sua condução.
“Acredito que existe uma margem de 10 a 25% de eficiência que pode ser melhorada através do comportamento do condutor, sem ser necessária mais nenhuma intervenção. Daí que tivesse sentido necessidade de encontrar uma aplicação que fornecesse dados não apenas de cada viatura, mas também de cada condutor. Questões como o seu estilo de condução e os reflexos que isso pode ter sobre o consumo, uma vez que promovemos a rotação interna dos veículos.”
Indicadores de desempenho
Aquilo que José Manuel Costa pretendia encontrou através de um dos clientes da Telcabo, o grupo Portugal Telecom.
“A Masternaut é parceiro da PT e tem uma plataforma telemática muito interessante. Passámos a ter uma informação mais detalhada e, baseados em key performance indicators prévios que estabelecemos, conseguimos apurar o desempenho de cada utilizador e de cada viatura”.
Desta forma, a Telcabo tem noção se deve intervir sobre a viatura ou apenas sensibilizar quem a utilizou.
“Repare: conseguimos negociar os carros ao melhor preço, conseguimos o mesmo com as locadoras em relação às rendas e até optar por determinado modelo em função da sua eficiência energética. Tudo o resto, depende de quem conduz”.
Para além de recolher indicadores de cada veículo e de cada condutor para uma base de dados, que rapidamente os avalia e informa se ficam aquém ou ultrapassam parâmetros pré-estabelecidos para determinado modelo, esta ferramenta integra também um interface homem/máquina (IHM) que fica colocado no tablier da viatura.
Este pequeno aparelho tem várias funcionalidades.
A mais evidente é fornecer ao utilizador da viatura a noção da condução que está a praticar, através de uma barra de leds que varia de cor em função de diversos critérios: velocidade máxima, acelerações ou travagens bruscas, duração do motor ao ralenti, regime do motor em cada mudança…
A iluminação vai de verde a vermelho.
“Quando todos os leds estão acesos indica que está fora dos ‘kpi’ da empresa. O que habitualmente significa que deve aliviar o pé do acelerador”.
“Este recurso permitiu-nos passar para o utilizador a responsabilidade sobre o seu comportamento. Durante este ano vai equipar 80% da frota, prevendo-se que, até 2018, a restante fique abrangida por esta aplicação”, assegura José Manuel Costa
Da segurança à eco-condução
Além de parametrizar as viaturas avaliando indicadores de cada utilizador, o interface fornece outras ferramentas úteis para quem gere uma frota automóvel: alerta para a necessidade de uma intervenção técnica sobre o veículo, por razões de avaria ou simples manutenção, por exemplo.
O sistema de geo-referenciação permite também que cada responsável de zona conheça a localização da viatura mais próxima do local onde seja necessária a intervenção de uma equipa da Telcabo.
Este recurso IHM pode ainda ser útil em caso de emergência. É que o aparelho integra um botão “SOS”, que envia um sinal de alerta quando ativado.
Para proteger a privacidade dos colaboradores autorizados a utilizar a viatura fora do horário de trabalho, o terminal dispõe de um comando que impede a monitorização da rota, embora continue a recolher os dados de desempenho da viatura.
O passo seguinte, revela o gestor da Telcabo, é a formação.
“Essa foi uma das razões porque participei no workshop sobre condução eficiente promovido pela FLEET MAGAZINE. Com a colaboração da Top Driving Solutions vamos desenvolver ações de formação interna para os nossos condutores durante um período de 8 meses, com mais 4 meses de acompanhamento. E os dados que estamos a recolher desde o início do ano através da Masternaut vão permitir-nos ter uma base de trabalho para saber onde podemos melhorar”.
Os dados já recolhidos permitem aferir que cerca de 60% dos utilizadores conseguem cumprir os limites estabelecidos. No futuro, a ideia é mesmo estimular a competitividade entre condutores.
“Já existe uma grande curiosidade em saber os resultados, quem está a cumprir ou é melhor em determinada tipologia de viaturas. Vamos colocar um monitor na entrada para informar automaticamente quem são os melhores dentro de cada categoria. Queremos estimular a competitividade a esse nível e acredito que com a formação vamos conseguir otimizar os dados dos restantes 40%”.