Os gestores de frotas têm de estabelecer políticas de frota orientadas para a mobilidade elétrica assim que possível, mesmo que a transição energética não aconteça na sua totalidade antes de 2030.
Esta é a opinião de Steve Winter, antigo gestor de frotas da Centrica/British Gas e atual Consultor na área da Gestão de Frotas, numa entrevista ao site fleetnews.co.uk.
A afirmação de Winter tem por base a sua própria experiência enquanto gestor de frota da British Gas e o momento quando, em 2013, trabalhou na eletrificação da frota da empresa britânica.
“Se em 2013 dizíamos que queríamos que 10% da nossa frota fosse elétrica em 2017, temos de reconhecer agora que falhámos miseravelmente”. As palavras de Steve Winter são duras, porém reveladoras de um problema de fundo relacionado com a falta de conhecimento disponível acerca do quão complexo é mudar por completo uma grande frota de ligeiros e de comerciais para um novo tipo de energia.
Uma das razões que também sustenta esta afirmação é a que, há dez anos, o único comercial ligeiro elétrico disponível para a empresa era a Nissan e-NV200 com bateria de 24 kWh, capaz de garantir 72 km de autonomia a uma empresa que requeria aos seus condutores percursos diários de 80-100 km.
Apesar das limitações, a British Gas acabou a utilizar mais de 100 veículos do género e percorreu com eles qualquer coisa como 4,8 milhões de km. Na altura, os carros fizeram seis a sete anos de serviço, e quando foram entregues, fizeram “bem mais” do que aquilo que para eles estava previsto, acrescenta Winter.
E foi com base nesta experiência que Winter percebeu que, se calhar, a empresa conseguiria fazer a transição energética da sua frota.
“É importante para um negócio saber quando é a altura certa para transitar para uma frota elétrica”, diz Winter. Mas acrescenta: “para saber isso, é preciso conhecer o produto e todas as ‘armadilhas’ que este possa trazer consigo. Testar identifica essas questões – capacidade de carga ou autonomia, por exemplo”.
O consultor diz ainda que o gestor deve compreender e conhecer o verdadeiro custo de um veículo com motor de combustão interna e saber compará-lo com o de um veículo elétrico. E vai mais longe: “a maioria dos TCO (Custos Totais de Utilização) dos modelos não são detalhados o suficiente”.
Dados e telemetria: combinação essencial para a transição energética
Aprendizagens úteis a qualquer gestor de frota que faça a transição energética
- Nem todos os dados técnicos fornecidos pelo fabricante são corretos. “Testar a autonomia, o peso e a capacidade de carga do veículo (comercial) no ambiente de trabalho, depois de serem adicionados ao veículo itens como estantes ou faróis, por exemplo”, diz Winter;
- Dar formação aos condutores é essencial para tirar o máximo partido dos veículos;
- Compreender o plano de substituição. “Tenha a certeza de que os departamentos financeiros da sua empresa trilham o mesmo percurso que o seu – mesmo que o TCO seja atrativo, muitas vezes as rendas vão aumentar”, diz o gestor;
- Muitas oficinas ainda não investiram nos técnicos e no equipamento certo. “Ainda há um conhecimento limitado e muitas vezes os staff das oficinas ainda não recebeu formação adequada”, conclui Steve Winter.