Funcional, com boas prestações e um valor de aquisição acessível, mas com menos equipamento do que seria de esperar de um carro com esta tecnologia o Twizzy é, pelo menos, uma prova de que a Renault procura outros caminhos para a mobilidade.
A questão acerca do Renault Twizy não é tanto saber se se trata de um carro ou uma mota. É antes se este será um protótipo de uma viatura que começaremos a ver mais vezes nas estradas, nesta ou noutra marca.
A Renault já arriscou em segmentos até então inexistentes e tem-lhe corrido bem – veja-se a Espace ou o Twingo. Nestes carros individuais, a própria Piaggio tem feito alguns ensaios e, se voltarmos a meados do século, os exemplos de micro-carros abundam. Por outro lado, os motociclos de quatro rodas vendem-se, apesar do gozo com que são apreciados pelos condutores de automóveis.
Mas todos estes têm sido a gasolina. E o Twizy é eléctrico. Isto faz diferença? Depende. Se for para utilizar como um automóvel, faz. Para circular com as mesmas ambições das viaturas atrás referidas, nem tanto.
Trocando por miúdos, o Twizy não pode ser utilizado para todos os efeitos que se utiliza um automóvel. Leva apenas duas pessoas “em linha”, sendo que a de trás vai pouco confortável, além de que o acesso é tudo menos fácil. Não tem espaço de carga. E tem espaços sem carroçaria. Depois, tem pouca autonomia e uma rede de carregamento ainda limitada. E, por ser homologado como um motociclo, tem restrições de circulação. Estas sim, bastante penalizantes.
Mas, por outro lado, é barato de adquirir e pode ser suficiente para as deslocações curtas em circuitos urbanos. A nível de prestações, é mais que suficiente. A versão testada pela FLEET MAGAZINE era a mais potente (ultrapassa os 80 km/h) e nunca deixou de surpreender. Com um centro de gravidade muito baixo e pesado, faz curvas com uma estabilidade que mede meças com automóveis dos primeiros segmentos. Acelera com suficiente energia para que não sejamos envergonhados num semáforo. E a velocidade de ponta basta para este tipo de veículo.
A travagem é que não é tão precisa como poderia ser, ainda mais se for considerado que vem equipado com travões de disco. Ainda nos pontos que poderiam ser melhorados, a suspensão também podia ser mais macia, já que são sentidas muitas irregularidades do piso. E o equipamento podia ser mais completo. Sendo um veículo elétrico, falta informação mais precisa sobre o sistema de propulsão e mais indicações sobre a condução e a viagem. Pormenores de design interior que ajudaram a construir uma imagem positiva do Twingo quando este foi lançado são aqui esquecidos. A alavanca de travagem manual é o melhor exemplo: disfuncional, de difícil acesso e desenquadrada do desenho do carro é um apetrecho que não faz sentido neste carro.