entreposto veiga_macedoAo mesmo tempo que está a fazer um esforço no controlo dos valores residuais da Hyundai, o Entreposto é obrigado a rever a sua rede de distribuição. Estratégias assimétricas? Veiga de Macedo, diretor-geral do Entreposto V.H., diz que é o que há a fazer.

Como é que a rede de retalho do Entreposto tem lidado com a presente crise?

O Entreposto não está imune à crise. Temos marcas fortes e outras que o são menos. Começámos já há algum tempo a redimensionar o número de colaboradores e a organizar a saída de certos locais. Neste momento, continuamos a racionalizar a rede de distribuição. Não se vê outra maneira de enfrentar a situação. Não podemos simplesmente ficar à espera que a crise passe, sem fazer nada. Estamos sempre a fazer a análise dos custos e a cortar despesas que não são essenciais para a sustentabilidade do negócio.

A restrição ao crédito automóvel será um dos principais fatores responsáveis pela diminuição das vendas?
 
Não há muito crédito disponível. As empresas financeiras tentam rentabilizar o plafond  de que dispõem, escolhendo bem os clientes e aplicando taxas de juro elevadas. Há certas financeiras de que se duvida que possam operar muito tempo nas atuais condições, porque as taxas que praticam não compensam o risco. A nossa experiência é que negócios que noutros tempos eram facilmente aprovados, neste momento são logo chumbados. Claro que isso restringe as hipóteses de venda.

Que papel terão sistemas alternativos como o leasing ou o renting?

Vejo com bons olhos, obviamente. Mas essas soluções ditas alternativas encarecem o produto e as mensalidades praticadas. Embora tenham menor risco no crédito, também correm alguns riscos e têm que se defender de atrasos ou até incumprimentos, que podem surgir facilmente na sequência da falência de uma empresa, o que não é raro nos dias de hoje.

Acha que os clientes empresariais estão a ganhar quota de mercado?
 
Temos alguns clientes com frotas, até empresários em nome individual, mas essa nunca foi a nossa vocação. Recentemente, colocámos até pessoas especializadas em prestar assistência às frotas, mas isso demora algum tempo que depende da forma como a marca é avaliada, por exemplo, em termos de valores residuais.

Estamos a fazer um esforço enorme em toda a Europa, e não somente em Portugal, para controlar esse problema. Se o valor residual for baixo, mesmo que o preço do veículo não seja elevado, a mensalidade acaba por se ressentir disso.

Estou convencido de que se a racionalidade imperar, as empresas vão utilizar veículos cuja qualidade é excelente e cuja garantia permite reduzir os custos globais da sua utilização. Acho que algumas empresas ainda não viram bem a hipótese de rentabilidade que pode haver por este lado.

De qualquer modo, penso que os clientes empresariais começam a olhar para nós com outros olhos, não só em termos de valores residuais, como no que se refere à imagem de marca e às garantias que oferece.

A nível de produto, que novidades terá a Hyundai para clientes empresariais?
 
As grandes novidades são o lançamento do novo Hyundai i30, que vai ter uma versão station wagon, assim como o i40, que já tem a versão de carrinha familiar e agora terá a gama complementada com um automóvel. Estes são os principais trunfos no mercado. Nós temos muitos clientes no Santa Fe e consideramos que poderá ser também uma aposta para as empresas, porque é um modelo versátil, que também serve como carro de família.

Depois, temos os modelos mais pequenos, mas o Governo resolveu acabar com os comerciais ligeiros derivados dos turismos, que existem atualmente em toda a Europa. Isso só veio beneficiar as marcas que têm furgões pequenos, sem acarretar vantagens fiscais nenhumas para o Estado.
  

Que perspetivas de vendas e investimentos têm para 2012?
 
Estamos a prever uma baixa de vendas dentro da redução global do mercado, que andará no final do ano entre os 30% e os 40%. Por via disso, já efetuámos reduções drásticas de stocks de viaturas, porque os meios financeiros são importantes para atravessar as fases críticas de crise e não podem estar imobilizados.

Em termos de investimentos, não estamos a prever alterações de fundo, porque alinhamos com as políticas do grupo nessa área. Os investimentos ainda se mantiveram estabilizados no primeiro semestre, mas é de prever que no segundo venham a diminuir. Tudo depende de haver uma boa proposta ou uma boa oportunidade de negócio. A situação atual obriga-nos a ter opções mais táticas do que habitualmente.