Se em fevereiro a procura por carros elétricos (BEV) usados representava 3,69%, em março a tendência manteve-se, com as vendas de BEV a representarem apenas 3,63% do mercado de usados.
Quem o diz é o mais recente relatório do Observatório INDICATA, que revela que em 2023 os BEV perderam quota de mercado todos os meses.
Quererá isto dizer que Portugal é o próximo mercado europeu a caminhar para uma crise de BEV usados? A verdade é que, a este ritmo de vendas, poderá haver um excesso de oferta de elétricos usados “durante os próximos anos”, diz o relatório.
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Níveis de stock aumentam
No início de abril, os elétricos representavam 4,61% do stock online B2C (aumento de 71,4% em termos homólogos).
E tal como se tem verificado noutros países europeus, o aumento dos níveis de stock de carros elétricos “não mostra sinais de abrandamento”, podemos ler no relatório do INDICATA.
Para combater esta tendência, os retalhistas portugueses têm vindo a tentar estimular as vendas através da redução dos preços de retalho, o que resulta numa queda dos preços médios de BEV no índice de preços de retalho de usados para 101,8 pontos (em comparação com os 109,3 registados no início de dezembro do ano passado). Mas mesmo com a adoção destas estratégias, a conclusão é a de que tal não parece ser suficiente para atrair compradores para carros elétricos.
Outras energias
O gasóleo manteve-se como o combustível mais popular em março – uma realidade semelhante à de outros mercados do sul da Europa – representando 61,51% das vendas de usados.
Já a gasolina representou apenas 28,76%.
Olhando para os veículos híbridos, o relatório do INDICATA revela que as vendas deste tipo de carros “parece ter estagnado”. Numa visão mais ampla, diz o relatório que, durante a maior parte dos últimos seis meses, as vendas oscilaram entre 5,5% e 6,4%.
Embora a gasolina perca terreno para o gasóleo na percentagem de vendas, continuam a ser os usados a gasolina a motorização de venda mais rápida, com um Market Days’ Supply (MDS) de 80 dias no início de abril (em comparação com 86 dias para o gasóleo e 96 dias para os híbridos).
Vendem-se menos carros usados
E uma das causas desta queda tem origem nas restrições de abastecimento, diz o INDICATA.
No início de dezembro do ano passado, os veículos movidos a gasolina representavam 42,83% do stock online de automóveis usados B2C, com os usados diesel a terem a mesma quota.
No entanto, já este ano, no início de abril de 2023, os níveis de stock de gasolina desceram para 40,26%, enquanto os usados diesel caíram para 41,0%.
E apesar das vendas de híbridos e BEV terem aumentado nos últimos meses, os níveis de stock de usados continuam a aumentar (híbridos representam agora 13,59% e BEV 5,22%).
O que significa esta mudança no stock?
Esta mudança no stock vem dizer que os compradores de carros têm, cada vez mais de olhar para grupos motopropulsores alternativos como opção no seu próximo carro usado.
No entanto, e com a maior fatia da procura a ser constituída por carros a gasolina e diesel, os retalhistas têm vindo a reduzir os preços dos carros movidos a energias alternativas para estimular as vendas.
No que respeita aos carros elétricos, continuam em stock por muito mais tempo do que os outros carros, com um MDS no início de abril de 110 dias, 52,7% pior do que os híbridos e duas vezes mais tempo do que os usados a gasolina e a gasóleo.
O relatório INDICATA diz também que uma das razões que pode originar o aumento do MDS de grupos motopropulsores alternativos é a mistura de idades do stock B2C onine. E dá, a título de exemplo, o início do mês de julho de 2021, quando os usados até aos dois anos de idade representavam pouco mais de 47% do stock disponível de carros usados. No entanto, em setembro de 2022, este valor tinha caído para 37,5%. Ainda assim, desde o início do quarto trimestre de 2022, a situação alterou-se com a melhoria da disponibilidade destes automóveis usados mais jovens. No início de Abril de 2023 eles já representavam 40,57% do stock disponível online, conclui o relatório.