Relativamente a 2019, Portugal continua a registar taxas de crescimento nas vendas de usados. Em Novembro, o mercado de usados cresceu 9,6% (valor, ainda assim, bastante distante dos 36,2% e 31,1% registados em setembro e outubro, respetivamente).
Segundo dados do INDICATA, no mês de novembro “a taxa de crescimento das vendas passou de forte para muito boa”. Uma taxa de crescimento que se situa perto dos 10% e que, diz o Observatório INDICATA, “ainda é extremamente saudável”.
No mês anterior, registaram-se restrições à oferta e os níveis de stock subiram 0,3%, embora tenham descido 12,4% relativamente a junho. Assim, será seguro afirmar que não há dados que sustentem uma melhoria no mercado.
Algumas das razões que o INDICATA apresenta para este cenário são o regime fiscal português e a dinâmica do mercado de veículos a gasolina mais pequenos, que sustentam a tese de um padrão de vendas distinto dos restantes mercados europeus.
As vendas de usados a gasolina aumentaram 45% em novembro e, juntamente com uma rotação de stock elevada, revelam um constrangimento na oferta e mais oportunidades de venda. Os BEV (+97%) e os híbridos (+66%) também registaram crescimento durante novembro mas, diz o INDICATA, a baixa rotação de stock indica uma oferta desafogada de veículos e menos uma oportunidade para novas vendas em comparação com os ICE a gasolina.
A rotação de stock dos veículos a gasolina (de 6,8x no mês passado) baixou para 4,6x em novembro. Também as restantes motorizações registaram reduções semelhantes. Conclui-se ainda que, embora os níveis de stock estejam ligeiramente acima (mês sobre mês), a procura continua a ser superior à oferta global.
Mas é no segmento mais jovem que se verifica a área de maiores oportunidades – as vendas aumentaram 49% e o stock está a rodar 5,2x (um aumento de 52% relativamente a 2019). Uma vez que o índice de preços se baseia numa amostra constante e consistente de veículos, o INDICATA espera uma diminuição ao longo do tempo derivado do declínio natural do ciclo de vida do produto. A forte procura manteve os preços estáveis, ainda assim, com uma tendência ascendente durante grande parte da segunda metade de 2020.
https://fleetmagazine.pt/2020/10/26/apdca-oe-2021-comercio-de-usados/
Comportamento europeu
A segunda vaga da pandemia da COVID-19 e os confinamentos dela resultantes causaram alguns constrangimentos no mercado de usados. As vendas inverteram-se e houve mesmo uma queda de -15,6% em termos homólogos (outubro +12,5%).
Na Europa, a gasolina caiu -15% e o gasóleo -22%. Já as motorizações alternativas registaram melhores resultados, com os BEV a aumentarem +84% e os híbridos +62% relativamente a novembro de 2019.
“Os retalhistas têm vindo a abastecer-se para satisfazer a procura, com os stocks a subir 4,9% em novembro face ao mês anterior”, diz Andy Shields, diretor global do INDICATA.
A rotação de stocks mantém-se mais alta do que há um ano, com o gasóleo (+9% YoY) e a gasolina (+14% YoY) a registarem ainda alguma procura. No entanto, a redução de procura face a outubro viu a rotação de stock reduzir, com o gasóleo a 5,6x, a gasolina a 5,1x, os híbridos a 4,2x e os BEV a permanecerem mais tempo em stock, com uma rotação de apenas 3,8x.
Para Andy Shields, “a rotação de stock de automóveis não-ICE permanecem muito abaixo da média de mercado (3,8x BEVs e 4,2x híbridos) indicando o risco de os retalhistas terem de empurrar as motorizações alternativas para manter o stock em movimento”.
As vendas de usados, em novembro, caíram 15,6% em relação a novembro de 2019. Com as restrições à liberdade de circulação, combinada com a perda de postos de trabalho e a incerteza sobre o futuro, a redução de vendas de automóveis usados na maior parte da Europa não é surpreendente, mas, diz o INDICATA, “a escala dessa redução indicará que o mercado de vendas de automóveis usados em 2020 pode ter chegado ao fim um mês antes do normal”.
Níveis de stocks sobem à medida que as vendas caem
Qual é o impacto das novas restrições impostas pelos diferentes Governos europeus? Quer se trate de um segundo bloqueio ou de restrições mais apertadas e outras medidas, a redução das vendas, e o facto dos retalhistas terem comprado stock, resultou numa subida dos níveis de stock em comparação com outubro. Sendo dezembro “o mês mais calmo no calendário do mercado automóvel e com as restrições COVID-19 ainda em vigor, a posição de stock só deverá agravar-se ainda mais à medida em que avançamos para o final do ano, deixando muitos retalhistas com excedentes de stock a entrarem em 2021”, diz o Observatório INDICATA.
Países como Espanha, França e Reino Unido, em particular, vêem os seus retalhistas com níveis de stock acima do registado em junho. Níveis esses que voltam a subir este mês em relação ao mês passado, ao passo que as vendas, essas, caem.