De todas as vendas de automóveis em Portugal, cerca de 15% podem ser matrículas sem terem ainda comprador.
Esta é a opinião de Marc Bisbe, director-geral da Seat no país, a partir de estimativas com base em informação recolhida nas várias áreas da empresa e dos agentes de mercado, segundo entrevista para a Automonitor.
“Não há muita informação sobre as auto matrículas, mas há estimativas que apontam para que elas representem 15% do mercado. Em Portugal não estão disponíveis estes dados, pelo que falo de estimativas com base na informação que temos das diversas áreas e dos agentes do mercado”, disse.
“Também há as exportações. Carros que são matriculados e depois vendidos no exterior. São práticas pouco saudáveis para o mercado. E a tudo isso soma-se o peso grande do rent-a-car”, acrescenta na entrevista.
Os Vip events são o resultado desta estratégia, que obriga a “grandes promoções” para escoar essas viaturas zero quilómetros ou semi-novos.
Vendas também mudam
Apesar do mercado ter conseguido estabilizar, a sua composição está diferente. “Mudou radicalmente”, diz o director na mesma entrevista. “Agora os particulares representam uma fatia muito mais pequena do mercado. Ao contrário, o peso das frotas e rent-a-car cresceu bastante”.
A forma de vender os carros também mudou. “Em 2010 já se faziam descontos, mas o que estamos a fazer agora, todas as marcas e sobretudo para particulares, mas também para as frotas, é que estamos a vender menos e cada carro que vendemos custa-nos muito mais”.
Mesmo com uma forte concorrência e de uma continuada pressão de descontos, a Seat continua a apostar no valor da marca.
“Não fazemos certas coisas. Não fazemos vendas sem cliente final, como fazem outras marcas. Só assim é que conseguimos manter o valor da nossa marca”, diz Marc Bisbe.
O que é que degrada o valor da marca?
“Estamos a falar de um mercado em que o peso das frotas e rent-a-car é grande e as vendas nestes canais dependem muito do valor residual, o valor que o carro valerá dentro de dois, três ou quatro anos. Ora o valor residual está ligado ao valor da marca.
Se fazemos muitos descontos, o valor residual da marca desce. E, portanto, o que é que acontece? Entramos numa espiral de destruição do valor de marca: se fazemos descontos o valor residual da marca desce e se o valor residual desce temos de fazer ainda mais descontos nos canais de frotas e de rent-a-car.
Mas a nossa aposta é em quotas de mercado a longo prazo, defendendo o valor da marca”.