As vendas online de veículos usados têm vindo a aumentar de há um ano para cá em Portugal.

Mas embora se tenha assistido a um aumento da compra de usados – no segmento B2C – a partir do primeiro desconfinamento (em maio passado), fevereiro de 2021 apresentou uma queda de 12,0% no mercado nacional de usados.

A pressão sobre o stock está a aliviar. Os constrangimentos à oferta aliviaram e os níveis de stock estão 16,8% acima do que estavam no início de março de 2020.

A rotação de stock, em queda acentuada, vê agora todos os tipos de combustível e todas as idades a registarem um declínio comparativamente a fevereiro do ano passado.

Considerando os diferentes tipos de combustível, as motorizações diesel caíram 22% em fevereiro. Já as soluções híbridas, ao contrário da maioria dos mercados europeus, estão a registar o maior crescimento em termos homólogos, tendo as vendas online de usados desta categoria aumentado 45% face a fevereiro de 2020. Quanto aos 100% elétricos usados, cresceram 22% em volume de vendas online no segundo mês de 2021.

Já o índice de preços subiu no início do ano, em linha com as tendências sazonais habituais. É expectável, diz o Observatório INDICATA, que com um conjunto consistente de veículos o ciclo de vida apresente um movimento de descida constante nos preços médios mensais.

Segundo o INDICATA, e embora os constrangimentos à oferta tenham diminuído, os retalhistas mantêm os preços, contrariando assim a depreciação natural esperada.

Como se portou o mercado de usados na Europa?

As vendas online de usados caíram 5,2% em fevereiro de 2021. No acumulado, o mercado europeu de usados apresenta uma queda de 8,2% face ao período homólogo.

No entanto, fevereiro deverá assinalar o fim das tendências negativas em comparação com o ano passado. Março deverá mesmo ser o primeiro comparador para um período de bloqueio COVID-19.

Os bloqueios e a COVID-19 tiveram impacto na forma como as pessoas compram usados, e as vagas que os diferentes países enfrentam em períodos diferentes, bem como os diferentes ritmos de vacinação, podem fazer com que grande parte de 2021 apresente entradas e saídas de bloqueios à compra presencial de automóveis (novos e) usados.

No entanto, o aumento da presença online permite aos retalhistas respirarem um pouco de alívio.

Usados importados fizeram metade das matrículas automóveis novas nos primeiros dois meses de 2021

O peso dos usados provenientes de frotas

Emboras as vendas de usados estejam “em baixa” em toda a região europeia, o aumento das vendas online funciona para os retalhistas que estão a negociar veículos provenientes de frotas (idades entre três e cinco anos), diz o INDICATA.

Os automóveis provenientes de frotas, em comparação com veículos usados mais jovens e mais antigos do mercado, têm registado assim um melhor desempenho.

Tipos de energia

Também a transição energética desempenha um papel importante no mercado de usados. Os veículos usados movidos a gasóleo sofreram, relativamente a 2020, um recuo de 19% em janeiro e 11% em fevereiro.

Os automóveis usados a gasolina seguiram um caminho semelhante, com uma queda de 9% em fevereiro (na sequência da queda de 21% observada em janeiro deste ano).

Os níveis de stock

A rotação de stock para o gasóleo (6x) e a gasolina (5,3x) só caiu ligeiramente relativamente a 2020. Estas motorizações continuam a vender muito mais rápido do que os veículos elétricos a bateria (3,5x) e do que os híbridos (4x).

No início de março, os níveis de stock (em termos homólogos) mantinham-se nos +74%. Devido à queda das vendas desde o terceiro trimestre do ano passado, o INDICATA disse ter excluído o efeito de distorção que teria ao reportar o nível total dos stocks na Europa como sendo de 6,2% acima dos níveis do terceiro mês de 2020.

Relativamente a fevereiro de 2021, os níveis de stocks de usados caíram 3,2% em relação ao mês anterior – os retalhistas mantêm-se cautelosos quanto à aquisição de muito stock, diz o INDICATA, ao mesmo tempo que a pandemia continua a ter o seu impacto nas empresas (tendo também em conta que estão com stocks maiores comparativamente ao ano passado).

O Observatório INDICATA refere ainda que, com grande parte do mercado europeu a partilhar a moeda única e com menos restrições e burocracias nos veículos em movimento entre os seus estados-membros, existem oportunidades para fornecer usados em mais do que apenas o mercado interno.

Ainda segundo o INDICATA, este facto “ajudaria a atenuar alguns picos e falhas da oferta, mas qualquer estratégia pan-europeia ainda enfrenta desafios das autoridades fiscais e dos legisladores que não devem ser subestimados”.

Pode descarregar a edição 14 do Market Watch INDICATA aqui.