Costuma dizer-se que não se constrói uma casa começando pelo telhado. Porém, foi literalmente pela cobertura que a VYGON Portugal começou o processo de eletrificação da sua frota, quando instalou, em parceria com a Helexia, dez carregadores para veículos elétricos alimentados por energia limpa produzida por mais de seis centenas de painéis fotovoltaicos.
O projeto recebeu o nome de Carpor e tem capacidade para produzir anualmente 500 MWh, evitando assim a emissão de 235 toneladas de CO2. Além disso, Portugal é a primeira aposta do grupo em matéria de energia solar, servindo como projeto-piloto que pode ser replicado para outras unidades do grupo. Não menos importante, a potência instalada já permitiu à VYGON Portugal diminuir em 30% os seus custos com energia.
“A principal razão do Carpor foi fazer o aproveitamento do projeto fotovoltaico e instalação dos painéis solares no terreno da empresa. Por outro prisma, conseguimos providenciar um parque para estacionamento que confere uma proteção contra os elementos e um local próprio para o carregamento de viaturas, com energia verde produzida pelos próprios painéis em circuito fechado”, explica Nuno Barbosa, diretor geral da VYGON em Portugal.
Tecnicamente como pode ser descrito o projeto em termos de área, número de painéis, capacidade de produção de energia, número de lugares de estacionamento abrangidos e número de carregadores para viaturas elétricas?
No total, foram distribuídos 660 painéis solares por cinco estruturas que cobrem 120 lugares de estacionamento. Destes, dez são exclusivamente destinados a viaturas elétricas, com os respetivos sistemas de carregamento.
Foi equacionada a expansão do número de carregadores de viaturas e do número de painéis de produção de energia?
Relativamente ao número de carregadores, faremos uma gestão otimizada de acordo com a evolução das necessidades. O objetivo da VYGON Portugal é providenciar todas as condições, sobretudo aos nossos colaboradores, estando cientes que uma redução dos custos associados às suas deslocações diárias seria uma grande ajuda. Se os atuais dez carregadores se tornarem insuficientes, a sua expansão será imediatamente proposta.
Quanto ao número de painéis solares, neste momento estamos a proceder à monitorização pós-instalação, de modo a conseguirmos quantificar e estimar o ROI do projeto.
Já é possível quantificar as poupanças em matéria de consumos e emissões? Quais são as expetativas futuras?
Possuímos uma capacidade instalada de 354 kWp, que é a potência nominal máxima de produção. Com o potencial de uma produção anual a rondar os 500 MWh, evita-se assim a emissão de 235 toneladas/ano de CO2. Dos primeiros dados que estamos a obter, conseguimos verificar que a meta que colocámos, a poupança de 30% no consumo de energia proveniente da rede, será claramente atingida.
Quer a instalação de painéis de produção de energia, quer a transição elétrica da frota automóvel, é uma decisão com retorno financeiro estimada para quantos anos?
Essa será talvez a questão fundamental que, assim que respondida, nos ajudará a tomar decisões futuras face a outros possíveis investimentos nesta matéria.
Existem algumas variáveis que temos de considerar na equação, entre as quais a possibilidade que agora temos de comercializar a energia excedentária que produzimos.
A nossa real expectativa é que esse retorno exista num período entre oito e dez anos. Mas não nos podemos esquecer de todas as restantes vantagens para nos focarmos apenas nas financeiras…
Sem dúvida. Precisamente por isso, em termos que não são tão facilmente tangíveis, como as metas de sustentabilidade da empresa, a sua imagem no mercado… nomeadamente por serem uma empresa que atua no ramo da saúde, estão a sentir algum retorno da decisão?
Sim! A começar exatamente pela imagem que estamos a cimentar no mercado. Este projeto permite demonstrar, de forma clara, parte dos valores que suportam a nossa visão e a missão da organização.
Para a execução deste projeto fotovoltaico não beneficiamos de qualquer apoio, nem estivemos a aguardar por uma hipotética possibilidade de candidatura a fundo perdido. Foi um investimento realizado apenas com recursos financeiros da organização. Isto reflete o empenho da nossa sede e presidência, no cumprimento das metas ambientais e incorporação de práticas sustentáveis.
O que motivou a VYGON a decidir-se pela escolha da Helexia para a implementação do projeto? Como está a ser o acompanhamento no processo de transição da frota?
Todos os concorrentes consultados evidenciaram capacidade e competências para levar o projeto avante. Contudo, a Helexia demonstrou ser, desde o primeiro contacto, o parceiro que necessitávamos para a execução de um empreendimento desta natureza. Quer pela experiência que possuíam, mas também, e sobretudo, pela facilidade de comunicação e pela proximidade em todos os momentos.
Ficamos enormemente surpreendidos pelo “after-sales”, pelo acompanhamento pós-execução… isso faz com que a palavra “parceria” seja, de facto, bem aplicada.
Helexia Portugal: Sustentabilidade é missão da empresa e da frota (I)
Formalizar contratações para garantir entregas a nove meses
Qual o modelo de decisão e de gestão da frota automóvel?
Desde que enquadrada no orçamento, podemos fazer essa gestão com total autonomia. A opção pelo renting começou em 2004 e perdura atualmente.
Procuramos realizar a renovação da frota em “bloco”, aglomerando o maior número de viaturas possível. A cada renovação consultamos várias empresas que atuam neste mercado, com destaque para a Arval, pelo seu nível de serviço.
Após a receção das propostas, consultamos os utilizadores das viaturas, de modo a facultar-lhes um leque de opções que, posteriormente, é validada pelo gestor de frota e pelo diretor geral.
Que desafios ou dificuldades estão atualmente a enfrentar em relação à frota?
A última renovação foi contratualizada no início deste ano e deparamo-nos com um panorama completamente díspar, quando comparado com períodos anteriores.
Todos os cenários são negativos; desde a subida galopante dos custos, da renda mensal, por vezes para o mesmo modelo que já temos na frota, passando pela diminuição da oferta ou por prazos de entrega bastante longos. O que nos obriga a formalizar contratações para garantir prazos de entrega mínimos de nove meses.
Estas contingências podem fazer-vos rever a política de frota, nomeadamente os patamares de atribuição de viatura?
Estas contingências alertaram-nos para a necessidade de estudarmos alternativas a médio prazo. Que não passam pela revisão dos patamares por tipo de viatura.
Procurar outros automóveis que se enquadrem dentro de patamares de preço/custo definido ou outros formatos de aquisição?
Mais relacionado com outros formatos de aquisição. Discute-se a possível negociação centralizada de viaturas para todo o grupo, o que me parece bastante complexo de vir a acontecer. Mas também retomar o pagamento ao colaborador por quilómetro percorrido, dando lhe a liberdade de escolher viatura, modelo de aquisição e manutenção.
Qual o grau de autonomia dos utilizadores destes veículos, nomeadamente quanto à gestão de operações de rotina, como manutenção preditiva, troca de pneus ou outra?
Todas as manutenções são sinalizadas pela marca, bastando ao utilizador contatar o serviço de apoio ao cliente da empresa prestadora do serviço renting/AOV.
Qualquer questão extra, como manutenção ou mudança de pneus, é tratada internamente com o nosso gestor de frota, com acompanhamentos dos recursos humanos.
Possuem ou está equacionado virem a colocar viaturas de função na esfera pessoal do colaborador (tributação em sede de IRS)?
Está, de facto, a ser estudado ao nível do grupo.
Existe na VYGON Portugal algum sistema de pool?
Ainda não mas já iniciamos o estudo desta alternativa.
Eletrificação da frota VYGON Portugal: utilizadores são pró-ativos na transição (II)