Há 140 anos que a ABB procura inovar e desenvolver tecnologias que combinam eletrificação, automação e software, sempre com o intuito de tornar as cidades e a Indústria mais eficientes. Presente em mais de 100 países, possui um portfólio que cobre toda a cadeia energética – desde a subestação à tomada.
Com 15 anos de experiência no domínio da mobilidade elétrica, a ABB Portugal desenvolve e fornece soluções que vão desde carregadores rápidos e ultrarrápidos até sistemas integrados de gestão e armazenamento de energia.
A liderar esta área há cinco anos está Rui Ferreira. O líder de Eletrification da empresa trabalha diariamente com produtos na área de baixa e média tensão, entre os quais se incluem carregadores de veículos elétricos, e acompanha de perto a transformação do sector energético.
Com 140 anos de história, como é que uma empresa tecnológica como a ABB se mantém relevante num sector em constante mudança?
A forma como se mantém relevante é aceitar que o constante é a mudança. As coisas vão mudando e desde que a ABB ‘nasceu’, muita coisa mudou e, portanto, a empresa foi investindo e reinvestindo em diversas áreas, vendendo negócios e comprando negócios. No fundo, a evolução natural de qualquer empresa que se mantenha viva e ativa durante mais de um século.
“Eletrificação inteligente e sustentável” é um jargão muito presente no discurso da ABB, que diz estar a apoiar as empresas nesse caminho. Como é que tal se traduz nas soluções da ABB em Portugal?
Neste sector cheio de mudanças, importa saber como adaptar a empresa a essa evolução. Queremos ajudar os nossos clientes a terem uma performance melhor na área da energia, de forma inteligente.
Quanto à sustentabilidade, é algo que temos como meta para nós próprios – queremos ser neutros em emissões de carbono o mais depressa possível –, portanto queremos também refletir isso nas operações com os nossos clientes.
Além disso, queremos incluir a circularidade na produção dos nossos produtos, não só fornecer o produto, mas providenciar todo o serviço até à reciclagem do mesmo.
Sendo o projeto de eletrificação um processo inteligente e sustentável, como é que a ABB apoia as empresas na transição energética das suas frotas?
O nosso trabalho com os nossos clientes assenta numa base de proximidade e contacto: falar com eles, perceber qual é o desafio e, naturalmente, desenvolver a melhor solução de tecnologia e engenharia para o contexto.
E dentro dessa tecnologia e engenharia, que soluções concretas é que a ABB dispõe para empresas?
Remodelámos recentemente toda a nossa gama de equipamentos e soluções, nomeadamente uma nova gama de carregadores, que vão desde os 50 kW – para quem possui pequenos espaços comerciais e queira fornecer uma alternativa de carregamento nas suas instalações – até aos 400 kW. Neste último, apostamos na modularidade do equipamento, ou seja, podemos instalar inicialmente um carregador com 200 kW de potência, mas consoante as necessidades ou desejos do cliente, podemos acomodar mais módulos de potência até alcançar os 400 kW.
A ABB foca-se muito no carregamento rápido e ultrarrápido…
Embora tenhamos oferta de carregamento normal, sabemos que o mercado pede cada vez mais soluções de carregamento rápido e ultrarrápido.
A rede e as infraestruturas também são determinantes para a transição energética. Se eletrificar uma frota coloca desafios às empresas, também há desafios a nível da infraestrutura, e cada vez mais vamos lendo que a rede pode não estar preparada para esta mudança acelerada. Como olha para este tema?
Não é só um problema de Portugal, é um problema global. No entanto, vemos com agrado que no nosso país já há um plano de investimento – tornado público pela E-REDES – que tenta, na medida das possibilidades, reforçar a rede elétrica para acomodar a expansão dos cada vez mais necessários carregadores rápidos e ultrarrápidos. Não só precisamos que esta expansão seja tecnicamente possível, mas também que aconteça mais rápido e envolva menos burocracia.
Na ABB, por exemplo, já dispomos de soluções de “energy storage” que antecipam esse problema. Instalamos um pack de baterias junto com o carregador, para ajudarmos os clientes a acumularem energia, preferencialmente renovável.
Mas se por um lado tem de haver investimento na rede – e há esses planos –, por outro o próprio cliente ou gestor de frotas também pode ir mais além daquilo que é a mera aquisição de um carregador elétrico. Tem de começar também a mudar os seus próprios hábitos de carregamento.
Esses sistemas de carregamento, desde a fonte até ao carro, são instalados pela ABB através de serviços internos próprios ou recorrem a parcerias com outros instaladores?
Depende. Há casos nos quais a instalação é totalmente feita por técnicos da ABB e há outros onde recorremos a parceiros certificados que fazem a instalação, embora tenhamos técnicos que acompanham a instalação, o comissionamento, a entrada em serviço e fazem até mesmo um ‘baby sitting’ inicial, período durante o qual surgem muitas dúvidas.
Falou em desenvolvimento. A ABB aplica, a nível global, 1,3 mil milhões de euros em Investigação e Desenvolvimento. Como são aplicados estes fundos em Portugal?
Todo o desenvolvimento de produtos é feito nos centros de desenvolvimento da empresa (centro de engenharia nos Países Baixos e fábricas no norte de Itália e Estados Unidos). O que fazemos depois, a nível local, é analisar com os clientes, nomeadamente operadores logísticos e de transporte, as suas necessidades e entender as suas dores – que muitas vezes se baseiam apenas na questão da fiabilidade dos próprios carregadores, e apoiá-los no processo de transição energética.
Há um compromisso da ABB em fornecer um produto de qualidade que não falhe.
Quais são ou quais é que identifica como os maiores e principais desafios, no contexto português, na adoção da eletrificação? Sejam infraestrutura, seja a própria fiscalidade…
Portugal tem feito um grande esforço, e não é por acaso que estamos à frente da média europeia em termos de adoção de carro elétrico.
No caso da ABB Portugal, que trocou toda a frota própria de ligeiros para modelos 100% elétricos, uma das formas que encontrámos para justificar essa mudança foi a fiscalidade, que nos permitiu dizer à sede: ‘podemos ser mais ecológicos e, ao mesmo tempo, gastar menos’. Felizmente existe uma política fiscal que beneficia as empresas.
Qual é a visão da ABB Portugal para o ecossistema da mobilidade?
Dos 1,3 mil milhões de euros anuais dispensados pela ABB em Investigação e Desenvolvimento, cerca de 5% são aplicados no negócio da mobilidade. Significa que a empresa acredita que esse é um ponto fundamental na sua atividade, por exemplo na área da mobilidade urbana, onde é fundamental descarbonizar.
A ABB em números
- 140 anos de história
- 32 mil milhões de dólares em receitas
- 1,3 mil milhões de dólares investidos em Investigação e Desenvolvimento
- 26 mil patentes registadas
- 110 mil colaboradores
Recentemente, a ABB Portugal trocou toda a frota própria de ligeiros para modelos 100% elétricos. “Há um esforço muito grande dentro do grupo para a eletrificação automóvel. Atualmente, quando são feitas as mudanças de veículo de serviço, é necessária uma autorização especial com uma muito boa justificação caso o carro não seja 100% elétrico”, diz Rui Ferreira.
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