Temos assistido a um crescimento do sector automóvel elétrico, aumento esse causado não só pelo avanço tecnológico, como também pela questão ambiental, onde o futuro dos indivíduos e das empresas passa pela redução da sua pegada ecológica.
O mais recente acordo que prevê deixar de comercializar veículos a combustão na União Europeia até 2035 está a obrigar as empresas a prepararem-se para esta realidade, nomeadamente para a tarefa de adaptar as suas frotas. E a forma de como podem realizar esta transição representa um grande desafio.
Ao longo dos anos, os veículos têm vindo a conectar-se entre si, quer seja pela integração de sistemas como o Android Auto, o Apple Car Play ou através de tecnologias proprietárias dos construtores. A possibilidade de atualizar e controlar as funcionalidades dos carros por via de software, seja este desenhado pelos fabricantes ou por terceiros, nomeadamente no sistema Android, onde é possível a instalação de aplicações fora das lojas oficiais, são questões que podem provocar brechas de segurança informática que merecem a devida atenção.
Há também que contar que também no momento do carregamento existe uma ligação à internet, uma vez que cada posto de carga requer a realização de uma comunicação entre o veículo e a empresa operadora do posto, durante a qual são partilhados vários dados do veículo e do utilizador pagador.
Todas estas interligações tornam os veículos como mais um dispositivo de IoT (Internet of Things), tal como são o smartphone, o computador e outros com características de conectividade. Por isso, devem ser trabalhados em termos da sua segurança, do mesmo modo que todos os restantes.
Se é verdade que estes dispositivos servem para melhorar a qualidade de vida, importa alertar que também podem abrir a porta a uma infinidade de possibilidades de ataques às empresas. Isso pode acontecer por via de software que, numa primeira fase, afeta um outro dispositivo, por exemplo, um smartphone, que irá posteriormente infetar o carro e de seguida infetar uma rede de carregamento, como pode acontecer o inverso, ou seja, o veículo pode ser infetado através de um posto de carregamento e, de seguida, propagar um software malicioso por todos os dispositivos que a ele se conectam.
É imperativo, por isso, que se dê um maior destaque a como os fabricantes de automóveis e todos os intervenientes de uma rede de carregamento vão lidar com os ciberataques, bem como quais as medidas de segurança que estão a ser implementadas para garantir a segurança dos passageiros, não só a nível físico, mas também como ao nível da segurança virtual.
Se estes pontos não forem realmente debatidos, estruturados e implementados, podemos estar a falar de uma grave vulnerabilidade de segurança.
Apesar de ser ainda muito recente, o tema da cibersegurança no mundo automóvel é de extrema importância. Pelo que os construtores de veículos, redes de carregamento e empresas com frota elétrica (mas não só) devem tratar da segurança dos seus veículos, do mesmo modo que encaram e tratam da segurança de outros dispositivos IoT.
E deverão fazê-lo através da adoção de medidas preventivas, como a utilização de software reconhecido pelos fabricantes e que protejam a viatura, os utilizadores e as empresas, sempre que é feita a utilização de um posto de carregamento ligado a uma rede pública.