Ainda conquista muitos clientes europeus, seduzidos não só pela promessa de uma pegada ecológica reduzida, mas também pelo prestígio que ainda retém como marca “cool” no universo da mobilidade elétrica. No entanto, o cenário tem vindo a mudar: vindos do Oriente multiplicam-se os rivais elétricos do mesmo segmento, alguns já mais ousados. Para o Tesla Model Y, agora batizado Juniper, manter o protagonismo já não é só um exercício de continuidade – exige resistência. A sua renovação estética, tal como aconteceu no recente Model 3 Highlander, era urgente

A Tesla não é uma marca consensual. Pelo menos não agora, dada a retumbante queda que deu nas matrículas de elétricos novos nos últimos meses – a título de exemplo, no passado mês de julho, a marca registou, comparativamente ao período homólogo, uma descida de 48,5% nos registos. E a tendência de espiral descendente parece não ter fim à vista: entre 1 de janeiro e 31 de agosto de 2025, a Tesla caiu 25,7% no número de unidades matriculadas, um período que em nada se assemelha ao registado 12 meses antes, quando a marca vendia, ao fim dos primeiros oito meses de 2024, mais 1.597 carros.

Muitos dirão que estes resultados comerciais acontecem devido à liderança de Elon Musk, outros entregarão as responsabilidades ao desgaste com a marca e à sua pouco extensa gama.

O próprio Model Y, que em 2023 foi mesmo o primeiro 100% elétrico a liderar a lista de veículos com maior número de matrículas a nível global (em todos os grupos motopropulsores e tipos de energia), enfrenta agora uma crise.

E embora dados da JATO Dynamics revelem que este SUV se tenha mantido como o automóvel líder nas matrículas de elétricos a bateria na Europa dos 28 (68.801 unidades) entre janeiro e julho, quando comparamos com os números de 2024, a queda é de 33%.

Com tudo isto, será seguro afirmar que o Model Y está a ficar sem argumentos? A versão agora batizada de Juniper vem contrariar esse pressuposto.

Um ambiente familiar

A bordo, o Tesla Model Y mantém a simplicidade que caracteriza os modelos da marca norte-americana. Pouco mais encontramos além do volante, da manete dos piscas (a marca mostrou que ouviu os seus clientes e não aplicou neste modelo – e bem! – os seletores de indicador de marcha no próprio volante, como fez com o Model 3) e do ecrã tátil de 15,4 polegadas, o centro de controlo de todas as operações.

Como familiar que se preze, o Juniper dispõe de uma das bagageiras mais impressionantes do seu segmento: 822 litros. A esta junta-se o frunk dianteiro, que com 116 litros disponibiliza ainda mais espaço de arrumação a um SUV já de si bastante espaçoso. Fica ainda a nota de que, com os bancos traseiros rebatidos (agora eletricamente), este SUV elétrico oferece qualquer coisa como 2.022 litros de capacidade de carga.

Ainda sobre o espaço, é acolhedor o suficiente para acomodar confortavelmente cinco adultos. Este nível de conforto é assegurado pelos bancos, agora com a funcionalidade de ventilação, tão útil em dias de Verão, e que são compostos por materiais de qualidade bastante superior quando comparados com a anterior versão.

Também em relação ao anterior Model Y são claras as melhorias significativas na insonorização. A utilização de vidros acústicos em muito contribui para isso. Segundo a própria Tesla, todos os elementos vidrados foram sujeitos a este tratamento, e isso nota-se: o ruído de rolamento e os ruídos aerodinâmicos são bem menores do que os que registámos quando em dezembro de 2024 testámos a geração anterior.

Um exterior a pensar na eficiência

“Do para-choques dianteiro à luz traseira, o exterior foi totalmente redesenhado para desbloquear a máxima eficiência”, pode ler-se no site da Tesla. A marca afirma ter revisto o design do modelo com vista a tirar o máximo partido de cada carregamento elétrico.

E de facto, talvez o maior atrativo dos modelos Tesla e o que mais dá que falar é a sua eficiência. Ao longo de cerca de 350 km, o computador de bordo anunciava que o consumo médio de energia não ultrapassou os 15 kWh/100 km – números bastante realistas e muito próximos dos 14,2 kWh/100 km anunciados pela marca norte-americana.

Quanto ao desempenho, pouco há a dizer: este é um automóvel que continua a beneficiar de um elevado nível de potência (299 cv), mais do que suficiente para enfrentar qualquer subida ou ultrapassagem sem grandes constrangimentos.

Impressões

Parte integrante do “sucesso” da Tesla em Portugal continuam a ser as empresas. O número de unidades Model 3 vistas, por exemplo, a circularem com um indicador TVDE nos para-brisas dianteiro e traseiro são prova disso, e o facto de o canal B2B representar uma grande fatia do mercado de ligeiros novos mantém a marca em bons lugares – embora já não com o fulgor de outrora.

Por tudo isto, o Tesla Model Y continua a ser uma opção a considerar dentro do já bem preenchido universo dos SUV 100% elétricos. O seu carácter familiar, aliado a uma bagageira digna de registo e a um preço bastante competitivo, colocam-no num digno lugar em qualquer lista de compras.

Ainda assim, nota menos positiva para a brecagem do Juniper. Com um círculo de viragem de berma a berma de 12,13 metros, esperava-se melhor da facilidade de manobrar este gigante quase duas toneladas (1.901 kg).

No site da Tesla, o modelo ensaiado tem um custo de aquisição de 50.975 euros. No entanto, a marca tem soluções para empresas: renting a 72 meses/10 mil km com renda de 410 euros e leasing flexível a 60 meses/10 mil km por 497 euros/mês, com entrada inicial de 12.744 euros.

Custo de aquisição, valores de renting e características do Tesla Model Y Juniper Long Range RWD

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