A Tangerine Rent quer afirmar-se no mercado português com uma estratégia clara: frota sempre atualizada, aposta em tecnologia e proximidade ao cliente. Em entrevista à FLEET MAGAZINE, os fundadores Nuno Barjona e Paulo Moura explicam como pretendem crescer no corporate, mantendo um modelo mais leve do que as grandes multinacionais

Com operações em Lisboa, Porto, Faro, Funchal e Braga, a Tangerine Rent quer consolidar a rede nacional e lançar soluções inovadoras para empresas, como a Tarifa Empresarial Inteligente, que promete reduzir custos de mobilidade e otimizar frotas.

Que objetivos estratégicos tinham no arranque da empresa?

A empresa iniciou atividade no turismo, mas desde o início a ambição foi clara: tornar-se uma rent-a-car generalista, alargando progressivamente ao mercado corporate. A estratégia passou por consolidar primeiro nas estações de aeroportos e lazer, e depois entrar nas capiatis de Distrito e no segmento empresarial, aproveitando a credibilidade e escala conquistada com o turismo.

Que serviços adicionais oferecem para clientes empresariais?

Para além do aluguer standard e alugueres de curta duração, a empresa disponibiliza soluções e produtos adaptados a empresas, como os alugueres mensais. Sentimos uma grande procura nos alugueres mensais de viaturas ligeiras e comerciais. No caso do corporate, a flexibilidade é essencial: a Tangerine Rent garante atendimento dedicado todos os dias da semana, incluindo fins de semana, e investe em tecnologia para automatizar processos, desde a gestão de portagens à monitorização da frota via GPS.

Como se posicionam no mercado corporate, face a soluções como leasing ou aluguer operacional?

A Tangerine Rent já tem uma componente forte de alugueres mensais, sobretudo em viaturas comerciais e de substituição. Embora exista sobreposição com o renting tradicional, a proposta de valor é diferente: flexibilidade total em contratos de curta e média duração, sem fidelizações longas. Para muitas empresas, esta solução é complementar ao leasing, permitindo responder a picos de atividade ou necessidades temporárias sem compromissos de três ou quatro anos.

O que diferencia o vosso nível de serviço?

A principal vantagem é estrutural: com um modelo mais leve, custos fixos reduzidos e maior agilidade tecnológica, consegue responder mais depressa às mudanças do mercado. Enquanto os grandes operadores têm estruturas pesadas, a Tangerine aposta em simplicidade e proximidade ao cliente. A equipa é formada de raiz na chamada “Academia Tangerine”, com processos contínuos de formação e auditoria, para garantir consistência no atendimento em todas as estações.

Como garantem atendimento de qualidade para empresas?

O atendimento corporate é visto como estratégico. Existe um call center dedicado a empresas, disponível todos os dias da semana, e uma figura-chave na equipa cuja função é exclusivamente recrutar e formar colaboradores. Através da “Academia Tangerine”, há formação contínua e auditoria interna para uniformizar procedimentos em todas as regiões. Além disso, a empresa aposta em tecnologia para simplificar a relação: desde reservas com preços personalizados até sistemas de abertura remota dos veículos, sem necessidade de app ou PIN, especialmente útil para clientes empresariais.

Que necessidades específicas do mercado têm conseguido suprimir?

Uma parte significativa da procura vem de contratos de substituição e de empresas que precisam de soluções rápidas para manter a mobilidade dos seus clientes. Aqui, a flexibilidade da Tangerine é valorizada: disponibilidade de veículos diesel para longas distâncias, frota nova e pontos de entrega em cidades mais pequenas, como Paços de Ferreira, para estar próximo das empresas.

A mobilidade elétrica já é uma realidade no vosso negócio?

Ainda não ao nível de outros segmentos, como o renting, mas a tendência é clara. Muitos clientes de turismo e corporate ainda mostram resistência: para férias, sobretudo estrangeiros, preferem viaturas a combustão por receio de não encontrar pontos de carregamento. Já os clientes empresariais, que usam viaturas perto da sua zona habitual, adaptam-se melhor. O futuro, porém, passa inevitavelmente pelos elétricos, com autonomias a crescer, rede de carregamento mais ampla e pagamentos simplificados. Acreditamos que nos próximos anos a penetração no rent-a-car vai aumentar naturalmente.

Quais os maiores desafios para integrar elétricos na frota?

O maior obstáculo está nas estações dos aeroportos: gerir centenas de carros requer potências de carregamento que a infraestrutura atual não consegue fornecer. É impensável, por exemplo, ter 400 viaturas elétricas numa estação sem reforço substancial da rede elétrica local. Em contrapartida, operações menores e mais flexíveis conseguem adaptar-se mais facilmente, o que pode ser uma vantagem competitiva.

Quais são os planos para os próximos anos?

O foco imediato é consolidar o negócio em Portugal, cumprindo o plano definido com os investidores. A prioridade é crescer de forma equilibrada na rede nacional, mantendo qualidade e rentabilidade. Só depois fará sentido avaliar uma eventual internacionalização, seja por expansão direta ou através de parcerias.

Nuno Barjona (à esquerda na imagem) e Paulo Moura, em entrevista à FLEET MAGAZINE

A Tarifa Empresarial Inteligente

Neste momento, está a ser lançado um novo produto. Como funciona?

É um produto inovador chamado Tarifa Empresarial Inteligente. A lógica é simples: cada empresa tem a sua conta e tarifa base anual, mas o preço real do aluguer pode ter descontos automáticos entre 5% e 25%, dependendo da disponibilidade da frota em cada momento. Assim, quem aluga regularmente consegue poupanças relevantes e a empresa otimiza a utilização da frota em períodos de menor procura.

Qual é a expectativa de poupança para os clientes?

Ainda é cedo para definir valores exatos, porque o produto só arrancou em setembro. Mas a garantia é que haverá sempre um desconto face à tarifa base, que pode chegar aos 25 por cento. A médio prazo, espera-se que clientes com alugueres regulares ao longo do ano possam reduzir substancialmente os seus custos totais de mobilidade.